Português, perguntado por euvouganhar88, 3 meses atrás

'Trabalham quietos, feito condenados', diz vizinho.
Há cinco anos em São Paulo, a boliviana Idalena
Furtado conhece bem a realidade de seus
compatriotas nas clandestinas oficinas de
confecção espalhadas pelo bairro do Bom Retiro,
na região central da capital paulista.
Furtado, hoje cozinheira, é uma entre milhares
de bolivianos que abandonaram a pátria de Evo
Morales atrás de trabalho e renda. Mas, para
muitos, o sonho no Brasil se converte em um
drama em pouco tempo.
"Trabalhava 15 horas por dia, das 7h da manhã
até as 22h. Comia sobre a máquina de costura e
dormia em um cômodo onde todo mundo ficava
amontoado", afirma a ex-costureira.
Ontem, ao saber da operação realizada pelo
Ministério do Trabalho na região, a duas quadras
do seu atual trabalho, Furtado comemorou.
"Acho que eles deveriam fazer isso mais vezes.
Tem muito patrício aqui que vive como escravo",
afirma.
Onde o Ministério do Trabalho fez a blitz, na
avenida Rudge, tudo parece quieto e soturno. O
prédio parece um "bunker", uma clausura onde a
luz do sol não entra.
Pela extensa escadaria mal iluminada, avistada
da porta principal do prédio, algumas pessoas
transitavam de cima para baixo, ignorando o
interfone acionado pela reportagem da Folha.
A vizinhança dali preferiu o silêncio. As pessoas
viram a operação do Ministério do Trabalho, mas
poucos quiseram comentar.
Alguns se mostraram contrários à presença de
bolivianos no bairro, o que evidencia existir um
clima pouco amistoso no bairro paulistano do Bom
Retiro.
A chegada de coreanos e de bolivianos
transformou a região em um polo da indústria da
confecção com baixo custo de produção. Mais
gente, mais dinheiro.
Francisco Ceará, dono de pequena oficina,
reclama do preço dos aluguéis.
"Alugava essa casa aqui por R$ 600. Agora,
pago R$ 1.500", afirma.
Sobre os bolivianos, Ceará não tem preconceito
e sabe bem o que os distingue: "Trabalham
quietos, feito condenados", diz.

Escravos da moda
A boliviana Idalena Furtado vive há cinco anos
no Brasil e, como tantos outros imigrantes sulamericanos, veio trabalhar numa confecção de
roupas no bairro paulistano do Bom Retiro.
Seu relato, publicado nesta Folha, descreve
condições análogas às de uma situação de
trabalho escravo. Trabalhava 15 horas por dia.
Comia sobre a máquina de costura e dormia em
um cômodo, "todo mundo amontoado".
Aliciados em seus países de origem, bolivianos,
peruanos e paraguaios se juntam a trabalhadores
brasileiros para viver em oficinas clandestinas,
sem direito a férias e a um dia de descanso
semanal, enredados numa espiral de dívidas e
degradação. O ambiente de clausura em que
trabalham não poderia oferecer maior contraste
com o das lojas de grife para as quais fornecem
seus produtos.
Vistorias do Ministério do Trabalho
responsabilizaram marcas como Billabong,
Brooksfield, Cobra d'Água, Ecko, Gregory, Tyrol e
Zara por compactuar com o abuso. Nas oficinas
que confeccionam roupas para suas lojas,
verificou-se um regime de hiperexploração do
trabalho: funcionários das empresas clandestinas
tinham, por exemplo, de pedir autorização para
deixar o local onde costuravam e viviam.
Relatos das condições nas chamadas
"sweatshops" (oficinas-suadouro), em especial nos
países em desenvolvimento, renderam publicidade
negativa a marcas de artigos esportivos,
brinquedos e roupas que, para uma sociedade
ofuscada pelo brilho do consumo, parecem ainda
assim associadas a prazer, desejo e sedução.
O consumidor raras vezes tem acesso à
realidade que pode ocultar-se sob a aparência
reluzente. A inclinação para o "consumo
consciente" - trate-se de móveis de madeira
certificada, empresas com responsabilidade social
ou selos atestando compromisso contra o trabalho
infantil - é algo relativamente recente no Brasil.
Depende, para fortalecer-se, do empuxo de
fiscalização do Estado, que revela o avesso de
algumas grifes. Ciente de fatos assim, o
consumidor também se torna responsável, como
pagante, pela degradação de seres humanos.

A - delimitar as palavras do autor do texto; ser uma gíria.
B - sinalizar as palavras de Evo Morales; indicar uma palavra usada na Bolívia.
C - indicar a fala de Idalena Furtado; tratar-se de uma palavra estrangeira.
D - ser a citação literal da fala da ex-costureira; indicar uma tradução.
E - ser uma frase do Ministro do Trabalho; sinalizar uma expressão coloquial.

Soluções para a tarefa

Respondido por stelfs
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Sobre as duas reportagens, "'Trabalham quietos, feito condenados', diz vizinho." e "Escravos da moda", a alternativa que seria a correta sobre o uso de aspas nos trechos, é a C (letra C).

O que é uma reportagem?

Reportagem está enquadrada dentro do gênero textual jornalístico, tendo como função informar os leitores, ao mesmo tempo em que é uma formadora de opinião.

Ainda sobre:

  • também é um gênero expositivo, informativo, narrativo e opinativo
  • pode ser escrita ou oral
  • é estrutura pelo título, subtítulo, o corpo da notícia e um viés sobre o assunto noticiado
  • é mais extensa que a notícia, exatamente porque abrange um desenvolvimento de algum viés do assunto, apresentando uma aprofundamento das informações
  • informa sobre fatos ou histórias de pessoas que possam os ter vivenciados

A questão:

Nos trechos “Acho que eles deveriam fazer isso mais vezes. Tem muito patrício aqui que vive como escravo.” e “bunker”, ambos do texto 1, o uso das aspas se justifica, respectivamente, por

(A) delimitar as palavras do autor do texto; ser uma gíria.

(B) sinalizar as palavras de Evo Morales; indicar uma palavra usada na Bolívia.

(C) indicar a fala de Idalena Furtado; tratar-se de uma palavra estrangeira.

(D) ser a citação literal da fala da ex-costureira; indicar uma tradução.

(E) ser uma frase do Ministro do Trabalho; sinalizar uma expressão coloquial.

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