Tinha para isso muitas razões, dizia: dormia num cubículo abafado; ao jantar não lhe davam vinho, nem sobremesa; o serviço dos engomados era pesado; Jorge e Luísa tomavam banho todos os dias, e era um trabalhão encher, despejar todas as manhãs as largas bacias de folha; achava despropositada aquela mania de se porem a chafurdar todos os dias que Deus deitava ao mundo; tinha servido vinte amos e nunca vira semelhante despropósito! A única vantagem – dizia ela à tia Vitória – era não haver pequenos; tinha horror a crianças! Além disso achava que o bairro era saudável; e como tinha a cozinheira “na mão”, não é verdade? Havia aquele regalo dos caldinhos, de algum prato melhor de vez em quando! Por isso ficava; se não, não era ela!
Fazia no entanto o seu serviço; ninguém tinha nada que lhe dizer. O olho aberto sempre e o ouvido à escuta, já se vê! E como perdera a esperança de se estabelecer, não se sujeitava ao rigor de economizar, por isso ia-se consolando com algumas pinguinhas, em vez em quando; e satisfazia o seu vício – trazer o catita.
QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Escala, 2006. p. 64.
Esse trecho de obra de Eça de Queirós é exemplo da prosa realista quanto à
a) Ambientação urbana.
b) Linguagem sofisticada.
c) Verossimilhança interna.
d) Exposição da psique da personagem.
e) Descrição subjetiva dos acontecimentos.
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Acredito que seja o item D. Poderia ser o C, porém deveria ser Verossimilhança Externa, e não interna.
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