Textos para as questões 18 e 19
[...] já foi o tempo em que via a convivência como
viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o
meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num con-
trato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo
no que me era vital, já foi o tempo em que reconhecia
a existência escandalosa de imaginados valores, coluna
vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive sequer o sopro
necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufo-
co; é esta consciência que me libera, é ela hoje que me
empurra, são outras agora minhas preocupações, é hoje
outro o meu universo de problemas; num mundo estapa-
fúrdio — defi nitivamente fora de foco — cedo ou tarde
tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e você que
vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que
paparica uma piada: impossível ordenar o mundo dos va-
lores, ninguém arruma a casa do capeta; me recuso pois a
pensar naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a
amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com
tudo isso! me apavora ainda a existência, mas não tenho
medo de fi car sozinho, foi conscientemente que escolhi
o exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indife-
rentes [...].
Texto I
(NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo:
Texto II
Companhia das Letras, 1992.)
Raduan Nassar lançou a novela Um copo de cólera
em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal
entre amantes, em que a fúria das palavras cortantes se
estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritá-
rio discurso do poder e da submissão de um Brasil que
vivia sob o jugo da ditadura militar.
Na novela Um copo de cólera, o autor lança mão de re-
cursos estilísticos e expressivos típicos da literatura pro-
duzida na década de 70 do século passado no Brasil, que,
nas palavras do crítico Antonio Candido, aliam “vanguar-
da estética e amargura política”. Com relação à temática
abordada e à concepção narrativa da novela, o texto I
A) é escrito em terceira pessoa, com narrador onisciente,
apresentando a disputa entre um homem e uma mu-
lher em linguagem sóbria, condizente com a serieda-
de da temática político-social do período da ditadura
militar.
B) articula o discurso dos interlocutores em torno de uma
luta verbal, veiculada por meio de linguagem simples
e objetiva, que busca traduzir a situação de exclusão
social do narrador.
C) representa a literatura dos anos 70 do século XX e
aborda, por meio de expressão clara e objetiva e de
ponto de vista distanciado, os problemas da urbaniza-
ção das grandes metrópoles brasileiras.
D) evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os
personagens, por meio de fl uxo verbal contínuo de
tom agressivo.
E) traduz, em linguagem subjetiva e intimista, a partir
do ponto de vista interno, os dramas psicológicos da
mulher moderna, às voltas com a questão da priori-
zação do trabalho em detrimento da vida familiar e
amorosa.
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
A letra é D
D) evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os personagens, por meio de fluxo verbal contínuo de tom agressivo.
D) evidencia uma crítica à sociedade em que vivem os personagens, por meio de fluxo verbal contínuo de tom agressivo.
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