Português, perguntado por joaobbotaro22, 11 meses atrás

Textos 1 e 2 para a questão: TEXTO 1 A intertextualidade ainda é uma ideia nova na análise linguística, e é muito cedo para dizer que importância poderá vir a ter. TRASK R. L. Dicionário de linguagem e linguística. 2 ed. São Paulo: contexto, 2006. O termo foi criado pela linguista búlgaro-francesa Julia Kristeva em 1960 para a explicação de textos literários. De início, designava apenas a citação explícita que uma obra literária fazia de outra. É o caso do nosso hino nacional, que cita literalmente trechos da Canção do Exílio de Gonçalves Dias: Nossos bosques têm mais vida/nossa vida, [no teu seio], mais amores. Mas a própria Kristeva observou que existem conexões mais complexas entre textos e a intertextualidade sofreu ampliação de sentido, criando uma nomenclatura própria, para dar nome a vários tipos desse conceito. Hoje, por exemplo, se fala em torno de uma dezena de tipos de intertextualidade: citação, estilização, alusão, paráfrase e outros. Uma simples alusão a um nome próprio, a um evento, a uma obra de arte é considerada como intertextualidade. De fato, uma alusão pode desencadear várias conexões entre o texto fonte (ou primeiro) e outros textos do mundo do conhecimento. O incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro inserido num texto recupera toda a sorte de perdas irreparáveis: o desleixo dos culpados, o descaso do país pela cultura, o prejuízo com as perdas, o sofrimento dos apreciadores e dos estudiosos, etc. O que acontece com a intertextualidade no momento é que se trata de um conceito instável: só com o tempo é vai haver uma depuração no rumo da instabilidade. Dois conceitos amplos, se não unânimes, são ao menos muito difundidos: • intertextualidade explícita, quando o trecho citado ocorre por inteiro no interior do texto (caso da citação); • intertextualidade implícita, quando o trecho citado pode até não aparecer transcrito no texto, mas por meio da memória discursiva, o leitor recupera vários conhecimentos do mesmo universo conceitual. A alusão a Galileu pode trazer para o texto, memória da inquisição, da truculência da censura, ou da genialidade de um físico e astrônomo, que enunciou o princípio da inércia, fundador da dinâmica... tudo isso são conexões intertextuais: chegaram à memória por meio de outros textos guardados na memória discursiva. TEXTO 2 A carne Temos, ai de nós, uma Polícia Federal satírica. Não sei se existe alguém na PF encarregado de dar codinomes aos seus investigados e nomes às suas operações. Se tiver, é um novo Jonathan Swift, um Voltaire redivivo. Deveria se identificar, para receber nossos aplausos. Essa de chamar de Carne Fraca a operação contra a corrupção nos frigoríficos e o escândalo dos fiscais da indústria de alimentos, que recebiam propina para não fiscalizar nada, é genial. A ação poderia se chamar Carne Podre, ou Nome aos Bois, mas aí não teria o mesmo valor literário e irônico. Carne Fraca é perfeito. Serviria mesmo para todo o conjunto das ações policiais e jurídicas a partir do começo da Lava Jato. A corrupção existe, afinal, porque a carne é fraca. Como disse o Oscar Wilde – outro que teria emprego garantido como frasista na Polícia Federal – “eu resisto a tudo menos à tentação”. O Estado de São Paulo, quinta-feira, 29 mar. 2017. Caderno 2, C8. Sabe-se que os textos dialogam entre si, o que se costuma designar pelo nome de intertextualidade. Nesse recorte do humorista Luís Fernando Veríssimo: A o narrador está satirizando Oscar Wilde quando se refere a ele como frasista. B a expressão carne fraca entra em conexão com textos do universo religioso, configurando um tipo de intertextualidade explícita, tal como Nome aos Bois. C há um exemplo transparente de intertextualidade explícita na frase de Oscar Wilde. D Voltaire e Jonathan Swift são exemplos de intertextualidade mal usada pois nenhum dos dois tem relação com o universo da agropecuária. E a expressão carne fraca é uma alusão que está servindo para o cronista dar um exemplo perfeito de sátira contra a Lava Jato.

Soluções para a tarefa

Respondido por simuladoangloo
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Resposta:

C - há um exemplo transparente de intertextualidade explícita na frase de Oscar Wilde.

Explicação:

A frase de Oscar Wilde, transcrita entre aspas, é demonstração de que o cronista a produziu tal e qual ela aparece no texto fonte. Trata-se, pois, de um exemplo indiscutível de intertextualidade explícita.

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