Texto: Tiro para o lado, tiro para o outro, assaltos a lojas e a vidas, feitos, não só por quem já é de costume fazê-lo, mas por cidadãos que batem panelas contra a corrupção, que pregam que bandido bom é bandido morto, pelo João de esquerda, pelo José de direita, e também pelo conhecido cidadão de bem. E claro que isso vai muito além de uma crise policial, estamos vivendo um declínio ético-moral.
Basta pensar o seguinte: quem faz o bem ou deixa de fazer o mal apenas porque está sendo fiscalizado, não é bom, nem ético, é simplesmente alguém astuto. O caso que citei acima, não é abstrato, aconteceu no Espírito Santo, e enquanto muitas pessoas pararam para pensar somente na crise policial, deixaram de pensar no que é ainda mais grave: o problema ético estrutural. A célebre pergunta da filosofia cai bem, quando o assunto é ética – “por que fazemos o que fazemos?”
O romano Cícero costumava dizer que quem faz o que faz, pensando não no bem da atitude em si, mas na boa aparência que o bem traz para quem o faz, não é ético, é esperto. Ajudar uma velhinha a atravessar a rua visando o júbilo dos olhares que acompanham e não o bem-estar da senhora é atitude de quem visa à aprovação, à aparência, e não à bondade em si, à atitude virtuosa.
O que você faria se fosse invisível? Longe de qualquer câmera ou de qualquer olhar observador, somente você e a sua sombra tentando resistir à sedução de seus demônios interiores: pegar ou não pegar o celular perdido, o dinheiro, o tênis de marca. São questões que deixo pra você. (...)
Alguém disse certa vez que o Brasileiro se indigna com a corrupção, não pelo motivo de esta ser uma perversão da ética, e sim por não estar participando dela, estando, portanto, na categoria de besta. E uma coisa que o brasileiro não quer ser é besta, um malandro nunca aceitaria tal alcunha.
Somos defensores da ética da conveniência ”Se está bom pra mim, tudo bem!”, o que não percebemos, é que, olhando por essa perspectiva, não somos mais uma sociedade coletiva com direitos sociais, somos bichos acéfalos que terminarão em uma luta de todos contra todos. (...)
(...) A ética também é um pouco disso – antes de fazer qualquer atitude, parar e pensar “o que a minha mãe pensaria sobre isso?” Ela gostaria que eu pescasse na prova? Que eu roubasse a caneta ou o sonho de alguém? A ética também se escora na capacidade de se colocar no lugar dos outros e lembrar que a vida é muito mais do que um cenário uniforme, entendendo os deveres/direitos de cada um nesse pedaço de tempo e universo. É preciso mensurar as nossas atitudes e, de certa maneira, pensar tal como advertiu Kant, generalizando os nossos atos – imaginando, assim, o que aconteceria caso todos mentissem ou furtassem – para que assim possamos construir uma sociedade menos egoísta e mais ética.
No artigo em análise, o autor defende a tese (ideia principal) de que
a) crimes foram praticados por cidadãos dito honestos.
b) quem não faz algo errado só porque está sendo vigiado é apenas astuto.
c) não adianta ajudar alguém pensando somente no que vai ganhar com isso.
d) somos defensores da ética da conveniência, isto é, só quando nos convém.
e) Vive-se hoje um declínio ético-moral na sociedade brasileira.
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Resposta:
a c
Explicação:
Não sei explicarrr descupa
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