TEXTO POEMA CIRCENSE
JOSÉ PAULO PAES
Atirei meu coração às areias do circo, como se atira ao mar
âncora aflita.
Ninguém bateu palmas.
O trapezista sorriu, o leão farejou-me desdenhosamente, o
palhaço zombou de minha sombra fatídica.
Só a pequena bailarina compreendeu.
Em suas mãos de opala, meu coração refletia as nuvens de
outono, os jogos de infância, as vozes populares
Depois de muitas quedas, aprendi.
Sei agora vestir, com razoável destreza, os risos da hiena,
a frágil polidez dos elefantes, a elegância marinha dos
corcéis.
Todavia, quando as luzes se apagam,
readquiro antigos poderes e voo.
Voo para um mundo sem espelhos falsos, onde o sol devolve
a cada coisa a sombra natural e onde não há aplausos, porque
tudo é justo, porque tudo é bom.
a) Qual é o sentimento apresentado pelo eu-lírico?
b) Dentro do poema, cada uma das expressões em destaque está associada a outra expressão, caracterizando esta última. Identifique quais são essas expressões caracterizadas por cada uma das expressões em destaque.
c) Descreva, do ponto de vista formal, as expressões em destaque. Ou seja, identifique a classe de palavras ou a combinação de classes de palavras que constituem tais expressões.
d) Se as expressões em destaque fossem eliminadas, o poema faria sentido? O que ocorreria com o sentido das expressões a que elas estão associadas?
e) Substitua as expressões em destaque por outras, trabalhando para que o poema manifeste um sentimento do eu-lírico diferente do apresentado originalmente.
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letra (a)
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