Texto para as questões 01, 02, 03 e 04.
Nasce um escritor
(Jorge Amado)
O primeiro dever passado pelo novo professor de português foi uma descrição tendo o mar como tema. A classe inspirou, toda ela, nos encapelados mares de Camões, aqueles nunca dantes navegados, o episódio do Adamastor foi reescrito pela meninada. Prisioneiro no internato, eu vivia da saudade das praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema da minha descrição.
Padre Cabral levara os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o dever que ia ler. Tinha certeza, afirmou, o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regateou elogios. Eu acabara de completar onze anos.
Passei a ser uma personalidade, segundo os cânones do colégio, ao lado dos futebolistas, os campeões de matemática e de religião, dos que obtinham medalhas. Fui admitido numa espécie de Círculo Literário onde brilhavam alunos mais velhos. Nem assim deixei de me sentir prisioneiro, sensação permanente durante os dois anos em que estudei no colégio dos jesuítas.
Houve, porém, sensível mudança na limitada vida do aluno interno: o padre Cabral tomou-me sob sua proteção e colocou em minhas mãos livros de sua estante. Primeiro “As viagens de Gulliver”, depois clássicos portugueses, traduções de ficcionistas ingleses e franceses. Data dessa época minha paixão por Charles Dickens. Demoraria ainda a conhecer Mark Twain, o norte-americano não figurava entre os prediletos do padre Cabral.
Recordo com carinho a figura do jesuíta português erudito e amável. Menos por me haver anunciado escritor, sobretudo por me haver dado o amor aos livros, por me haver me revelado o mundo da criação literária. Ajudou-me a suportar aqueles dois anos de internato, a fazer mais leve a minha prisão, a minha primeira prisão.
1 Apenas o narrador foi diferente, porque:
a) lia Camões;
b) se baseou na própria vivência
c) conhecia os ficcionistas ingleses e franceses
d) tinha conhecimento das obras de Mark Twain
e) sua descrição não foi corrigida na cela de Padre Cabral
2) O narrador confessa que no internato lhe faltava
A) a leitura de Os Lusíadas;
B) o episódio do Adamastor;
C) liberdade e sonho;
D) vocação autêntica de escritor;
E) respeitável personalidade.
3) Todos os alunos apresentaram seus trabalhos, mas só foi um elogiado, porque revelava:
A) liberdade;
B) sonho;
C) imparcialidade;
D) Originalidade;
E) resignação.
Soluções para a tarefa
Respondido por
4
Resposta:
1 >>> B
2>>> C
3>>> A
Explicação:
1- No primeiro parágrafo ele diz:
Prisioneiro no internato, eu vivia da saudade das praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema da minha descrição.
2- No segundo parágrafo ele diz:
Nem assim deixei de me sentir prisioneiro, sensação permanente durante os dois anos em que estudei no colégio dos jesuítas.
3- Novamente no primeiro parágrafo ele diz: Prisioneiro no internato, eu vivia da saudade das praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema da minha descrição.
= onde conhecera a liberdade e o sonho.
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