TEXTO PARA ANÁLISE: "É TEMPO DE SILÊNCIO" AUTOR: INÁCIO FRANCO
Seis horas no relógio da matriz. No campanário, os sinos badalam chamando os fiéis, mas eles não apareceram. Apenas o padre e o coroinha celebraram a missa. Os bancos todos vazios... As pessoas estão enclausuradas dentro de suas próprias casas. De repente, de uma forma muito sutil, as pessoas foram se distanciando. Os relacionamentos já não são como outrora. Um silêncio funesto toma conta da cidade. Todo dia com cara de domingo à tarde. As escolas se fecharam. Os alunos, professores, serventes, ninguém mais fora convocado. As ruas ficaram desertas. Já não se ouve mais a algazarra dos adolescentes uniformizados cruzando a avenida. Os transeuntes, de máscara na boca e no nariz, passam apressados pelas ruas. O medo ronda as pessoas. Medo de quê? Do invisível? As lojas, restaurantes e outros comércios baixaram suas portas. Também os fregueses desapareceram. Ninguém mais para uma conversa ou mesmo um café na esquina. O perigo está nas superfícies, nas maçanetas, nos balcões, nos objetos...Os bares, onde tantos reuniam para um bom papo, sempre acompanhados de uma cerveja e um tira gosto, também estão vazios. Debruçado no balcão, o vendedor espera em vão um cliente. Já não se fala mais em reuniões, confraternizações. Bailes? Estes, nem pensar...Os parques estão vazios também. As crianças estão proibidas de frequentá-los. Ninguém senta nos bancos das praças temendo uma contaminação. As autoridades mandaram fechar os aeroportos, as rodoviárias. Está proibido viajar. Não há mais nenhuma competição esportiva, nenhuma aglomeração. Os estádios de futebol tornaram-se em hospitais improvisados. Os governantes apavorados com os dados estatísticos que apontam um crescimento vertiginoso da epidemia. Há um perigo iminente no ar. As pessoas todas apreensivas. Dentro de suas casas, ouvem os noticiários que não são otimistas. Fiquem em casa! Isolamento social! Distanciamento social! Lockdown! A cidade está sendo ameaçada. Não, não é só a cidade, é o Estado, é o País, é o Mundo...Os prontos socorros estão superlotados. Já não há mais leitos suficientes para acomodar aquelas almas desesperadas que chegam em busca de um bálsamo. Os defuntos não mais são velados. Os cemitérios já não comportam tantos que chegam a todo momento. Não têm direito mais a uma vala própria. Todos são sepultados em uma vala comum. De repente as pessoas começaram a sentir-se iguais. A morte não faz acepção de pessoas! Os afortunados igualaram-se aos pobres mendigos sentados na calçada. As pessoas tornaram-se mais caridosas, mais religiosas. O agiota não consegue mais emprestar seu dinheiro com a costumeira usura. Os homens ricos, fechados nas suas mansões, não podem viajar pelo mundo, nem mesmo sair às ruas. Já não há mais aproximação entre as pessoas. Os abraços calorosos, os beijos entre os amantes, o aperto de mãos amigas. Tudo acabou. Apenas uns olhares furtivos... Os amigos que outrora frequentavam a casa uns dos outros sumiram. A dona de casa que gostava de falar com a vizinha está apreensiva dentro de seu lar. Os jovens, frequentadores assíduos nas academias de ginástica em busca de um corpo perfeito, estão quietos dentro de suas casas. No campo santo o poeta, com um olhar distante, observa algumas flores emudecidas sobre os túmulos. É tempo de silêncio. Na varanda da casa, uma idosa desfia as contas do rosário balbuciando algumas palavras. É tempo de reflexão. Há um silêncio macabro nas madrugadas. Ouve-se apenas o farfalhar das folhas agitadas ao vento. Os cães aquietaram-se, afinal não há ninguém mais para lhes assustar. O guarda noturno, cabisbaixo, lentamente palmilha as calçadas, passa rente às casas. No sobrado, lá no alto, um quarto com uma luz acesa. Algum moribundo à espera do descanso eterno? Já não usa mais seu apito. Para quê? Aquela que assombra todo vivente não cabe a ele afugentar. É tempo de silêncio, reflexão, solidão...
1. LEIA O TEXTO NOVAMENTE E RESPONDA A QUAL GÊNERO PERTENCE *
CRÔNICA
CONTO
EDITORIAL
ARTIGO DE OPINIÃO
2. O TEXTO ESTÁ ESCRITO EM 1ª PESSOA OU 3ª PESSOA? *
1ª PESSOA
3ª PESSOA
3. O NARRADOR É OBSERVADOR OU PERSONAGEM? *
OBSERVADOR
PERSONAGEM
4. QUAIS SÃO OS PERSONAGENS DO TEXTO: *
5. A CENA SE DESENROLA NUM AMBIENTE FECHADO OU ABERTO? *
AMBIENTE FECHADO
AMBIENTE ABERTO
AMBOS
6. QUAL O SENTIDO DE "OLHARES FURTIVOS" ? *
OLHAR ALEGREMENTE
OLHAR PONDERADAMENTE
OLHAR TRISTEMENTE
OLHAR DISCRETAMENTE
7. "AQUELA QUE ASSOMBRA OS VIVENTES..." O termo "aquela" refere-se à: *
À VIDA
À SOLIDÃO
À MORTE
À TRISTEZA
8. É UM TEMPO DÍFICIL EM QUE ESTAMOS VIVENDO, MAS SEMPRE É POSSÍVEL TIRAR ALGUM PROVEITO, APRENDER ALGO DIFERENTE. FAÇA UM RELATO SOBRE ALGUMA EXPERIÊNCIA BOA, ALGO BOM QUE VAI MARCAR SUA VIDA E DESCREVA AQUI. *
laura0233:
me ajudem ai por favor
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Resposta:
Conto e Artigo de Opiniao
Explicação:
confia
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