TEXTO:
Nesta civilização em que as coisas importar cada vez mais e as pessoas cada vez menos, os fins foram sequestrados
pelos meios: as coisas te compram, o automóvel te governa, o computador te programa, a TV te vê. (...) As coisas tér
atributos humanos, acariciam, acompanham, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca
falha. A cultura de consumo fez da sociedade o mais lucrativo dos mercados. Os dolorosos vazios do peito são
preenchidos com coisas ou com o sonho de possuí-las. E as coisas não se limitar a abraçar: elas também podem ser
símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfándegas da sociedade de classes, chaves que abrem
portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas te escolhem e te salvam do anonimato multitudinario. (...)
Dizes-me quanto le o qué) consomes, dir-te-ei quanto vales. (...)
(Eduardo Galeano. De pernas pro ar: a escola do mundo ao avesso. São Paulo: L&PM, 2011, p. 255-277. Adaptado.)
PERGUNTAS:
1. No processo de desenvolvimento do capitalismo, você percebeu que, ao lado da produção, coloca-se
a questão do consumo. Como o autor define essa condição para a manutenção do próprio sistema
capitalista?
2. Utilizando os elementos contidos no texto, comente como o consumo acontece hoje.
3. Reflita sobre o texto: você diria que o autor tem razão? justifique
Soluções para a tarefa
Resposta:
1 - o autor afirma que a cultura de consumo fez da sociedade o mais lucrativo dos mercados, e que as coisas são vistas como meios para preencher vazios existenciais. Deste modo, o autor define a manutenção do sistema capitalista como uma exploração da necessidade humana de preencher vazios, apresentando os produtos como soluções para estes problemas existenciais.
2 - O consumo acontece hoje invertendo a ordem consumidor - produto, de modo que os produtos, hoje, parecem nos consumir - vivemos em função deles, e não o contrário. No texto podemos perceber isto em passagens como "as coisas te compram, o automóvel te governa, o computador te programa".
3 - É uma questão de opinião, de modo que podemos dizer tanto que sim quanto que não.