texto martha medeiros empatia
Soluções para a tarefa
Empatia, de Martha Medeiros.
As pessoas se preocupam em ser simpáticas, mas poucos se esforçam para serem empáticas, e
algumas talvez nem saibam direito o que o termo significa. Empatia é a capacidade de se colocar no
lugar do outro, de compreendê-lo emocionalmente. Vai muito além da identificação. Podemos até não
nos identificar com alguém, mas nada impede que entendamos as razões pelas quais ele se comporta
de determinado jeito, o que o faz sofrer e os direitos que ele tem.
Nada impede?
Desculpe, foi força de expressão. O narcisismo, por exemplo, impede a empatia. A pessoa é tão
autofocada que para ela só existem dois tipos de gente: os seus iguais e o resto, sendo que o resto não
merece um segundo olhar. Narciso acha feio o que não é espelho. Ele se retroalimenta de aplausos,
elogios e concordâncias, e assim vai erguendo uma parede que o blinda contra qualquer sentimento
que não lhe diga respeito. Se pisam no seu pé, reclama e exige que os holofotes se voltem para essa
agressão gravíssima. Se pisarem no pé do outro, é porque o outro fez por merecer.
Afora o narcisismo, existe outro impedimento para a empatia: a ignorância. Pessoas que não circulam,
não têm amigos, não se informam, não leem, enfim, pessoas que não abrem seus horizontes tornam-se
preconceituosas e mantêm-se na estreiteza da sua existência. Qualquer estranho que tenha hábitos
diferentes dos seus será criticado em vez de aceito é considerado. Os ignorantes têm medo do
desconhecido, e o evitam.
E afora o narcisismo e a ignorância, há o mau-caratismo daqueles que, mesmo tendo o dever de
pensar no bem público, colocam seus próprios interesses acima de todos e trabalham só para si
mesmos, e aí os exemplos se empilham: políticos corruptos, empresários que só visam ao lucros em
respeitar a legislação, pessoas que usam sua posição social para conseguir benefícios que deveriam
ser conquistados pelos trâmites usuais, sem falar em atitudes prosaicas como furar fila, estacionar em
vaga para deficientes, terminar namoros pelo Facebook, faltar a compromissos sem avisar antes, enfim,
aquelas “coisinhas” que são feitas no automático sem pensar que há alguém do outro lado do balcão
que irá se sentir prejudicado ou magoado.
É um assunto recorrente: precisamos de mais gentileza etc. e tal. Só que, para muitos, ser gentil é
puxar uma cadeira para a moça sentar ou juntar um pacote que alguém deixou cair. Sim, todos gentis,
mas colocar-se no lugar do outro vai muito além da polidez e é o que realmente pode melhorar o
mundo em que vivemos. A cada pequeno gesto, a cada decisão que tomamos, estamos interferindo na
vida alheia. Logo, sejamos mais empáticos do que simpáticos. Ninguém espera que você e eu
passemos a agir como heróis, apenas que tenhamos consciência de que só desenvolvendo a empatia
é que se cria uma corrente de acertos e de responsabilidade. Colocar-se no lugar do outro não é uma
gentileza que se faz, é a solução para sairmos dessa barbárie disfarçada e sermos uma sociedade
civilizada de fato.