Texto I
Os coronéis sobreviveram à Guarda Nacional e à República Velha. O fenômeno não deixou de existir e se adaptou aos novos tempos. Eles empregam novos métodos de dominação. Um deles é o controle dos meios de comunicação, como a rádio e a televisão. O coronel de hoje não é o fazendeiro de terno branco, botas e chicote de couro na mão. Ele viaja de avião, conhece a Europa e os Estados Unidos, frequenta a alta sociedade e, às vezes, tem até título universitário. Atualmente, seu poder se faz sentir de uma forma talvez mais sútil. Em muitos casos, esse novos coronéis são descendentes diretos dos antigos, em um notável fenômeno de reprodução de poder.
RÊGO, A. H. Uma vez coronel, sempre coronel. Revista de História, Rio de Janeiro, Sabin, ano 5, n. 60, set. 2010.
Texto II
Trata-se do coronelismo. Fenômeno novo na política brasileira, o coronelismo não se confunde com as práticas históricas — lutas de famílias e o mandonismo local — de exercício de poder privado no Brasil. Essas são práticas tradicionais; melhor dizendo, atemporais, que atravessam a história do Brasil colonial e imperial. O coronelismo tem uma identidade específica, constitui um sistema político e é um fenômeno datado.
RESENDE, M. E. de. O processo político na Primeira República. In: DELGADO, L. de A. N.; FERREIRA. J. (Orgs.) O Brasil Republicano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
Os dois textos apresentam uma diferente interpretação sobre o coronelismo, que surgiu durante a Primeira República no Brasil. Essa diferença se refere à
a) continuidade histórica do conceito.
b) dimensão econômica da política.
c) utilização sistêmica da violência.
d) relevância acadêmica do tema.
e) origem social do poder.
Soluções para a tarefa
O item exige do respondente apontar a diferença entre duas interpretações do fenômeno do coronelismo no Brasil.
No texto I é apresentada a forma como o coronelismo se perpetuou no país, com características diferentes de quando surgiu na Primeira República.
O texto II caracteriza o fenômeno propriamente dito, apresentando-o como "práticas tradicionais; melhor dizendo, atemporais, que atravessam a história do Brasil colonial e imperial. O coronelismo tem uma identidade específica, constitui um sistema político e é um fenômeno datado".
Assim, os autores vão discordar num ponto importante: enquanto o autor do texto I afirma que o coronelismo continua até hoje, apesar de apresentar mudanças em relação ao que era na Primeira República, a autora do texto II debate ao defender que o coronelismo é um conceito datado e delimitado ao período em que surge. Portanto, debatem sobre a continuidade histórica do emprego desse conceito.
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