Texto I:
O PREGO E O MARTELO
Um prego e um martelo jaziam lado a lado, a cerca de uns cem metros de uma hidrelétrica em construção. Quase ao mesmo tempo, perceberam uma inscrição nítida e tosca numa parede, que dizia: “Quando Você for martelo, não se esqueça de que já foi prego!...”
O Martelo leu, não disse nada e continuou em sua inércia. O prego, no entanto, deu a maior importância à mensagem e principiou a refletir na dura missão dele, prego, que implantado a duras marteladas bem aplicadas em sua cabeça, penetraria lenta e sofridamente no madeiramento até desaparecer quase por completo, quando então ficaria sustentando toda uma armação pesadíssima de caibros e tábuas, no mais completo anonimato. E ai dele se apresentasse qualquer folga, por mínima que fosse, porque prontamente alguém perceberia e novas e contundentes marteladas o recolocariam no seu humilde e devido lugar.
- Ah! Martelo - disse o Prego, depois de relatar seu pensamento - não queira nunca ser prego.
O Martelo refletiu por dois segundos e respondeu:
- Meu amigo, não pense que eu já nasci martelo. Não meu caro, eu já fui minério como você foi, passei por uma fundição, fui um valoroso prego na construção da usina de Tucuruí, sustentei orgulhosamente as tábuas que escoraram trechos das barragens de cimento e aço, depois fui rejeito, quase lixo, fui colhido e levado para Brasília onde fixei tábuas de barracos de úteis candangos (pregos humanos); tempos depois, virei lixo mesmo e fui catado por catadores de lixo, selecionado e remetido a uma fundição de reciclagem, quando então, junto com outros pregos, virei uma massa amorfa e posteriormente tomei a forma atual de martelo.
Sou martelo, mas sei que formamos um par na lida; par sumamente importante e indissolúvel, pois todo trabalho é digno, toda função é importante, ninguém entre nós atua ou é útil sem o outro.
De que vale o prego sem o martelo? Qual é a utilidade do martelo sem o prego?
Assim também, nós, seres humanos, deveríamos sempre refletir na interdependência que existe entre nós e no quão importante é que saibamos ver a importância de nosso próximo e a nossa própria, sem a exagerarmos ou desmerecermos uma ou outra sem razão. A escada por onde se sobe é a mesma por onde se desce.
Disponível em: http://lousamagica.blogspot.com/2012/11/fabula-parabola-e-apologo.html
Sobre os elementos da narrativa observados no texto “O prego e o martelo”, é INCORRETO dizer:
A) o narrador é observador.
B) o foco narrativo está em 1º pessoa.
C) o espaço é delimitado pela proximidade de uma hidrelétrica em construção.
D) o tempo da narrativa é marcado, principalmente, por verbos flexionados no pretérito.
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Resposta: acho q é a “B”
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