TEXTO I
O Ilê Aiyê, primeiro bloco afro da Brasil, nasceu no Curuzu, Liberdade, bairro de maior população negra do país, com aproximadamente 600 mil habitantes. Fundado em 1º de novembro de 1974 [...] o principal objetivo da organização é a “expansão da cultura de origem africana no Brasil”. [...] A partir desse movimento, a musicalidade do carnaval da Bahia ganha novos ritmos oriundos da tradição africana. Com seus 3 mil associados, o Ilê hoje é patrimônio da cultura baiana, um marco no processo de reafricanização do Carnaval da Bahia.
Disponível em: ileaiyeoficial. Acesso em: 25 Set. 2019. (adaptado
TEXTO II
No século passado, o sambista João da Baiana (1887-1974), por exemplo, precisou de ajuda de um congressista para não ser mais preso nas ruas. O senador José Gomes Pinheiro da Fonseca (1851-1915), fã de samba e um dos políticos mais importantes da época, escreveu uma dedicatória no pandeiro de João. Quando era parado pela polícia, o músico mostrava o instrumento com a assinatura. Funcionava como um salvo-conduto.
Disponível em: bbc. Acesso em: 25 Set. 2019.
Os dois excertos referem-se a distintos pontos de vista a respeito da cultura africana e afro-brasileira. Compreende-se a partir da leitura que
A - a atuação cultural do bloco Ilê Aiyê no final do século XX corrobora com o etnocentrismo, uma vez que identifica-se com a ideia de superioridade étnico-racial própria.
B - a ideia de expansão cultural do bloco Ilê Aiyê é um exemplo de relativismo cultural, pois busca impor aos moradores do Curuzu uma experiência artística e simbólica que não lhes é própria.
C - o movimento do bloco Ilê Aiyê é um exemplo de prática do relativismo cultural, como resposta a um histórico de etnocentrismo e racismo institucional brasileiro, notável nas ações policiais como se narra no texto II.
D - a ação do senador, por causar considerável mudança social e modificação da conduta policial com relação aos sambistas, foi determinante para a superação do etnocentrismo e do racismo no Brasil no século XX.
E - o etnocentrismo é uma ideia e uma ação social restrita às relações diretas entre pessoas e pode ser superado a partir da mudança de mentalidade, como no caso do senador José da Fonseca e o sambista João da Baiana.
#[Simulado ENEM 2019 - Brainly]
Soluções para a tarefa
A alternativa correta é a letra: C
Relativismo cultural é a ideia de percepção das culturas humanas como detentoras de valor próprio e equilibrado, numa perspectiva de alteridade e respeito mútuo.
Nesse sentido, o relativismo cultural não corrobora com a supervalorização de expressões culturais e tampouco com a criminalização de outras.
Esta perspectiva é própria do etnocentrismo, que pode fazer parte das relações interpessoais comuns ou das práticas institucionais e governamentais.
O caso da criminalização do samba nos séculos passados é um exemplo de como a auto-referência étnico-racial pode integrar os costumes de um povo e atingir altos níveis de violência moral e física por parte do Estado.
Ações como as do bloco Ilê Aiyê promovem a cultura e o respeito ao invés da imposição e da violência e são, por isso, um exemplo de relativismo cultural e não de etnocentrismo.
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A alternativa C está correta.
O relativismo cultural pode ser entendido como uma teoria da antropologia que nota as diferentes culturas como sem julgamentos, ou seja, uma visão que se opõe ao etnocentrismo que coloca uma "raça" como soberana a outra.
Além disso, o relativismo cultural é importante pois entendendo essa escola de pensamento, nós enquanto indivíduos não devemos julgar nenhuma cultura, nem da sociedade moderna, quanto as antigas.