Português, perguntado por larissamatias1515, 8 meses atrás

TEXTO I



Leia o fragmento do conto “Nhola dos Anjos e a cheia do Rio Corumbá”, de Bernardo Élis.



– Fio, fais um zóio de boi lá fora pra nóis.

O menino saiu do rancho com um baixeiro na cabeça, e no terreiro, debaixo da chuva miúda e continuada, enfincou o calcanhar na lama, rodou sobre ele o pé, riscando com o dedão uma circunferência no chão mole – outra e mais outra.

Três círculos entrelaçados, cujos centros formavam um triângulo equilátero.

Isto era simpatia para fazer estiar. E o menino voltou:

– Pronto, vó.

– O rio já encheu mais? – perguntou ela.

– Chi, tá um mar d’água! Qué vê, espia, – e apontou com o dedo para fora do rancho. A velha foi até a porta e lançou a vista. Para todo lado havia água. Somente para o sul, para a várzea, é que estava mais enxuto, pois o braço do rio aí era pequeno. A velha voltou para dentro, arrastando-se pelo chão, feito um cachorro, cadela, aliás: era entrevada. Havia vinte anos apanhara um “ar de estupor” e desde então nunca mais se valera das pernas, que murcharam e se estorceram.

Começou a escurecer nevroticamente. Uma noite que vinha vagarosamente, irremediavelmente, como o

progresso de uma doença fatal.






ATIVIDADE 05



TEXTO I

Leia o fragmento do conto “Nhola dos Anjos e a cheia do rio Corumbá”, de Bernardo Élis.



[...]

Quelemente viu a velha cair nágua, com o choque, mas não pôde nem mover-se... Esforçava-se para identificar o local e atinar com um meio capaz de os salvar daquele estrugir encapetado da cachoeira.

A velha debatia-se, presa ainda à jangada por uma mão, despendendo esforços impossíveis por subir

novamente para os buritis. Nisso Quelemente notou que a jangada já não suportava três pessoas. O choque com o tronco de árvore havia arrebentado os atilhos e metade dos buritis havia-se desligado e rodado. A velha não podia subir, sob pena de irem todos para o fundo.

Ali já não cabia ninguém. Era o rio que reclamava uma vítima. As águas roncavam e cambalhotavam espumejantes na noite escura que cegava os olhos, varrida de um vento frio e sibilante. A nado, não havia força capaz de romper a correnteza nesse ponto. Mas a velha tentava energicamente trepar novamente para os buritis, arrastando as pernas mortas que as águas metiam por baixo da jangada. Quelemente notou que aquele esforço da velha estava fazendo a embarcação perder a estabilidade. Ela já estava quase abaixo das águas. A velha não podia subir. Não podia. Era a morte que chegava, abraçando Quelemente com o manto líquido das águas sem fim. [...]

Quelemente segurou-se bem aos buritis e atirou um coice valente na cara aflissurada da velha Nhola. Ela afundou-se para tornar a aparecer, presa ainda à borda da jangada, os olhos fuzilando numa expressão de incompreensão e terror espantado. Novo coice melhor aplicado e um tufo d’água espirrou no escuro. Aquele último coice, entretanto, desequilibrou a jangada, que fugiu das mãos de Quelemente, desamparando-o no meio do rio.

Ao cair, porém, sem querer, ele sentiu sob seus pés o chão seguro. Ali era um lugar raso. Devia ser a campina adjacente ao barranco. Era raso. O diabo da correnteza, porém, o arrastava, de tão forte. A mãe, se tivesse pernas vivas, certamente teria tomado pé, estaria salva. Suas pernas, entretanto, eram uns molambos sem governo, um estorvo.

Ah! se ele soubesse que aquilo era raso, não teria dado dois coices na cara da velha, não teria matado uma

entrevada que queria subir para a jangada num lugar raso, onde ninguém se afogaria se a jangada afundasse…

[...]

06



“Esforçava-se para identificar o local e atinar com um meio capaz de os salvar daquele estrugir encapetado da cachoeira.”



Sobre o pronome destacado e a colocação pronominal há

(A) próclise – o pronome vem antes do verbo.

(B) próclise – o pronome ocorre após o verbo.

(C) ênclise – não se inicia oração com pronome átono.

(D) ênclise – o pronome está antes do verbo.

(E) mesóclise – o verbo está no futuro do presente.

07



“[...] onde ninguém se afogaria se a jangada afundasse […]”.

Nesse caso, o pronome átono colocado antes do verbo ocorre na

(A) próclise, justifica-se, pois, há um pronome indefinido antes do verbo.

(B) próclise, justifica-se, pois, há um advérbio de negação antes do verbo.

(C) próclise, justifica-se, pois, antes do verbo há uma preposição seguida de verbo no gerúndio.

(D) ênclise, justifica-se, pois, o pronome está após o verbo.

(E) mesóclise, justifica-se, pois, o pronome está no meio do verbo no futuro do presente.

08

O clímax do conto ocorre quando



(A) a jangada aproximava-se da cachoeira.

(B) a velha debatia-se na tentativa de salvar-se.

(C) Quelemente percebeu o esforço inútil da velha.

(D) Quelemente lança coices na velha na tentativa de salvar-se.

(E) Quelemente percebe que o lugar onde caíram o rio estava raso.​

Soluções para a tarefa

Respondido por dudapessoa2010
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Resposta:

6- (C)

7-(A)

8-(B)

Explicação:

6-Pronome destacado é o SE, esta depois do verbo

7-Pronome SE está antes do verbo e depois do pronome indefinido "Ninguém"


sa94795155: muito obrigado
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