Português, perguntado por jporfirioescola, 11 meses atrás

Texto I

Grafite muda de nome e vira ‘nova arte pública’

No Dia do Grafite, arte que ocupa muros de cidades ganha novo nome e os grafiteiros viram 'artistas públicos'

Thais Caramico, de O Estado de S. Paulo



Aqueles desenhos coloridos que volta e meia aparecem no muro de alguma rua cinzenta da cidade – para deixá-la (geralmente) mais interessante – não se chamam mais ‘grafite’. Seu nome agora é ‘nova arte pública’. Não quer dizer que os grafiteiros passaram a sair por aí dizendo que são ‘novos artistas públicos’, é verdade. Mas esse foi o jeito que a turma da arte achou para se referir a um conjunto de trabalhos que incorpora técnicas variadas, tem estilo apurado e se relaciona tanto com o passado do grafite quanto com a pintura tradicional.

Este ‘muralismo’ – representado por nomes como Osgemeos, Titi Freak, Zezão, Speto, Daniel Melim, Stephan Doitschinoff, Nunca, Ramon Martins e Onesto – vive um de seus melhores momentos, que coincide também com o início do processo de profissionalização da atividade. É uma mudança de perspectiva: no ano passado, a Lei Cidade Limpa levou a Prefeitura a cobrir de tinta cinza várias destas obras – o que reeditou um confronto com os artistas que se repete desde os anos 70.

Depois disso, porém, os dois lados entraram em um acordo e ficou definido que os grafites não seriam mais apagados. Aproveitamos que hoje, 27, é o Dia do Grafite e ‘grafitamos’ nossas páginas com vários destes trabalhos — quase todos recentes. Para vê-los ao vivo, basta circular pela cidade com olhos atentos.

Para os artistas, a data não tem grande importância - até porque a arte de rua não costuma se ater a formalidades. Ainda assim, o dia 27 de março relembra a obra de Alex Vallauri, que morreu em 1987 e ainda é considerado um dos principais precursores da arte urbana no Brasil.

Disponível em Acesso em mar/18



Texto II

Pichação, como o grafite, busca status de arte urbana

Grupos têm origens similares, mas entram em confronto em busca de espaço, visibilidade e respeito

06 de novembro de 2009 | 0h 00



Fernanda Aranda - O Estado de S.Paulo

1 O mesmo muro ocupado por grafite e por pichação, no mundo da arte de rua, é sinal de guerra. Expressa rivalidade entre duas manifestações urbanas que, há tempos, se estranham. Mas, ainda que a disputa pelo espaço tenha ficado mais acirrada no último ano — com invasões recíprocas de um estilo por cima do outro —, a trajetória dos dois movimentos segue semelhante. Primeiro, os grafiteiros saíram da marginalidade e conseguiram entrar para o rol de artistas. Agora, as letras pontudas dos pichadores caminham para esse status.

2 São três os fatores que indicam o novo olhar sobre os rabiscos que, vale ressaltar, pela legislação são enquadrados como crime — todos já vivenciados pelos grafiteiros. O primeiro é o interesse de outros países pela pichação. A Fundação Cartier, de Paris, e o próprio governo francês já convidaram pichadores paulistanos para expor seu trabalho no circuito internacional. "Um outro termômetro", avalia Rui Amaral, artista plástico, um dos pioneiros nas técnicas do grafite e especialista em arte de rua, "é que hoje pensar em grandes exposições de arte urbana não descarta a pichação". E uma terceira novidade está na boca de quem picha. "Desde 1985, quando comecei a pichar, nunca tinha recebido elogio. Agora, já começo a ouvir", diz Zé Lixomania, que morou na Europa e tem a fama de ter conseguido espalhar sua marca por todas as regiões de São Paulo.

3 A voz dos pichadores ecoa com mais força desde o final de outubro, quando o documentário Pixo, produzido por João Wainer e Roberto Oliveira, chegou ao público e retratou o cotidiano da pichação. "Pichar é crime, isso é certo mesmo com o debate se é arte ou não", afirmou Oliveira. "Mas, sem dúvida, é movimento cultural. Nem entre os pichadores é hegemonia de que é arte. Entre os mais novos, por exemplo, é mais instintivo do que consciente."

[...]

4 O cineasta Lucas Fretin, que em 2002 levantou a bola para o assunto com o documentário A Letra e o Muro, diz que o fato de ser vandalismo não anula a pichação como arte. "Não se pode confundir arte com beleza. Escolher a pichação como arte ou não "é completamente arbitrário". José Guilherme Magnani, do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, lembra que muitas manifestações que posteriormente ganharam status de arte começaram de forma marginal, quebrando tabus; basta lembrar os vanguardismos do começo do século 20. "Não será diferente com a pichação", analisa. "Penso, contudo, que, no momento em que se tornar "acadêmica", certamente perderá o caráter de experimentalismo, anonimato, ruptura." Isso, os pichadores dizem não querer.

Disponível em Acesso em mar/18

Ainda sobre o texto 1

a) Que recurso a autora utilizou, no primeiro parágrafo, para marcar sua opinião. Explique.

b) Localize um eufemismo no primeiro parágrafo do texto e explique por que ele foi criado.

Eufemismo: palavra ou expressão usada em lugar de outra, para suavizar o peso conotativo desagradável ou grosseiro.

Soluções para a tarefa

Respondido por matheusanjosporf
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Resposta:a) Ela escreveu, entre parênteses, a palavra geralmente, mostrando, assim, sua discordância de que os grafites sempre atingem o objetivo de tornar os lugares mais interessantes. Desse modo, o “tornar os lugares mais interessantes” também é visto por ela como uma opinião e não um fato indiscutível.

b) O eufemismo é a expressão “nova arte pública”; foi criada pelos grafiteiros (“turma da arte”) para desvincular suas obras dos julgamentos negativos que se associam ao termo “grafite”. (plurall).

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