TEXTO I
Fala à antiga Vila Rica
Como estes rostos
dos chafarizes,
foram cobertos
os vossos olhos
de véus de limo,
de musgo e líquens,
paralisados
no frio tempo,
fora das sombras
que o sol regula.
Mas, ai! não fala
a vossa língua
como estas fontes,
– palavras d’água,
rápidas, claras,
precipitadas,
intermináveis.
Ou fala? E apenas
o nosso ouvido,
na terra surda
que os homens pisam,
já nada entende
do vosso longo,
triste discurso,
– amáveis sombras
que aqui jogastes
vosso destino,
na obrigatória,
total aposta
que às vezes fazem
secretas vidas,
por sobre-Humanas
fatalidades?
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da inconfidência.
São Paulo: Global, 2015, p. 69.
TEXTO II
Morte das casas de Ouro Preto
Sobre o tempo, sobre a taipa,
a chuva escorre. As paredes
que viram morrer os homens,
que viram fugir o ouro,
que viram finar-se o reino,
que viram, reviram, viram,
já não veem. Também morrem.
Assim plantadas no outeiro,
menos rudes que orgulhosas
na sua pobreza branca,
azul e rosa e zarcão,
ai, pareciam eternas!
Não eram. E cai a chuva
sobre rótula e portão.
Vai-se a rótula crivando
como a renda consumida
de um vestido funerário.
E ruindo se vai a porta.
Só a chuva monorrítmica
sobre a noite, sobre a história
goteja. Morrem as casas.
[...]
Não basta ver morte de homem
para conhecê-la bem.
Mil outras brotam em nós,
à nossa roda, no chão.
A morte baixou dos ermos,
gavião molhado. Seu bico
vai lavrando o paredão
e dissolvendo a cidade.
Sobre a ponte, sobre a pedra,
sobre a cambraia de Nize,
uma colcha de neblina
(já não é a chuva forte)
me conta por que mistério
o amor se banha na morte
ANDRADE, Carlos Drummond de.
Claro enigma. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012, p. 69.
Os dois poemas tratam da mesma cidade: Ouro Preto (antiga Vila Rica). É correto afirmar que
A
ambos enunciadores interpelam a cidade em busca de respostas para questões existenciais.
B
os textos se valem da mesma estrutura métrica para refletir sobre a construção da História.
C
os dois textos encontram na preservação do conjunto arquitetônico as respostas para seus dilemas.
D
ambos abordam a questão da memória, permanência e dissolução de antigos acontecimentos.
E
a religiosidade perpassa as inquirições a respeito do passado e do destino das almas dos protagonistas de antigos eventos.
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Resposta:
A antiga vila Rica significa a maior concentração de coisas e de famílias de grande sucesso
Explicação:
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