Texto I
Dali houvemos vista de homens que andavam pela praia, cerca de sete ou oito, segundo os navios pequenos disseram, porque chegaram primeiro. Ali lançamos os batéis e esquifes à água e vieram logo todos os capitães das naves a esta nau do Capitão-mor e ali conversaram. E o capitão mandou no batel, a terra, Nicolau Coelho para ver aquele rio; e quando começou a ir para lá acudiram, à praia, homens, aos dois e aos três. Assim, quando o batel chegou à foz do rio estavam ali dezoito ou vinte homens, pardos, todos nus, sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos e suas setas. Vinham todos rijos para o batel e Nicolau Coelho fez-lhes sinal para que deixassem os arcos e eles os pousaram. Mas não pôde ter deles fala nem entendimento que aproveitasse porque o mar quebrava na costa.
Texto II
Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, com uma alcatifa ais pés, Pires estrado, e bem vestido com um colar de ouro muito grande ao pescoço [ ···]
Acenderam-se tochas e entraram; e não fizeram nenhuma menção de cortesia nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Mas um deles viu o colar do Capitão e começou a acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como a dizer-nos que havia ouro em terra; e também viu um castiçal de prata e da mesma forma acenava para a terra e para o castiçal como que havia, também, prata. Mostraram-lhe um papagaio pardo que o Capitão aqui traz; tomaram-no logo na mão e acenaram para terra, como que os havia ali; mostraram-lhe um carneiro e não fizeram caso dele; mostraram-lhe uma galinha e quase tiveram medo dela e não lhe queriam pôr a mão; e depois a pegaram como que espantados.
Texto III
De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu-nos do mar muito grande, porque a estender a vista não podíamos ver se não terra e arvoredos, parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Mas o melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente; e esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar.
Exercícios
1) Segundo Pero Vaz de Caminha, Nicolau Coelho não conseguiu comunicar-se oralmente com os índios .
a) O que alegou como causa?
b) Qual foi o verdadeiro motivo pelo qual a comunicação oral não se realizou?
2) Caminha descreve o primeiro encontro entre os índios e o Capitão.
a) O que revela a postura do Capitão?
b) Qual foi a atitude dos índios diante do Capitão e o que ela revela?
3) Quais eram as informações acerca da nova terra que mais interessavam aos portugueses?
4) Os portugueses não encontraram na terra recém-descoberta aquilo que mais lhes interessava. Identifique o que Caminha humildemente sugere ao rei nos trechos:
a) " De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem " .
b) " Mas o melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente".
5) Aponte semelhanças entre os textos lidos e os versos de Camões a seguir, quanto ao ponto de vista do colonizador português sobre os motivos da colonização.
E também as memórias gloriosas
Daqueles reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
6) No texto II, Caminha diz ao rei: " Mas o melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente". Comparando o texto de Caminha ao cartum de Marcos Müller, é possível perceber pontos de vista diferentes sobre a conquista e a colonização do Brasil.
a) De acordo com o ponto de vista do conquistador europeu, o objetivo de "salvar" os índios foi alcançado no transcorrer do tempo? Por quê?
b) Do ponto de vista do cartunista, o que resultou da relação do conquistador com os índios? Por quê?
Soluções para a tarefa
b) os dois povos não dominavam a mesma língua
2
a) um ser superior aos índios e teve certa curiosidade
b) os índios ficaram com curiosidade, mas os receberam com danças e comemorações.
3) Eram os recursos naturais, metais, etc
4) a)que a terra era linda. que a muito a se explorar
b) sugere que salve os indios, ensinem a eles ,etc.
5 que deveria colonizar todas as terrar em nome do rei de portugal espalhando a lingua, a religião e a fé
6) a) em meu ponto de vista não, por que eles roubaram seus recursos e mataram muitos indios e violentaram as mulheres que havia por la. O que os colonizadores fizeram foi muito grave.
b) acabou com a etnia indigena.
1.
a) Pero Vaz de Caminha alegou como motivo o fato de que o mar quebrava na costa.
b) O verdadeiro motivo pelo qual a comunicação oral não se realizou foi a diferença de idiomas: os nativos não falavam nem entendiam o português.
2.
a) A postura do Capitão revela que ele esperava ser reverenciado pelos índios.
b) Os índios não fizeram nenhuma menção de cortesia nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Isso revela que os índios não se importavam com riquezas nem poder.
3.
a) As informações acerca da nova terra que mais interessavam aos portugueses eram a presença de metais preciosos (como ouro e prata) e de riquezas naturais.
4.
a) Caminha sugere que a terra é produtiva e pode ser bem lucrativa para quem a explorar.
b) Caminha sugere que os nativos da região podem ser convertidos ao catolicismo.
5. Ambos os textos defendem o colonialismo (exploração econômica e política de territórios) como necessários para a salvação de povos não cristãos.
6. Falta o cartum de Marcos Muller.
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