TEXTO I
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) avisa em
tom festivo que, no primeiro semestre de 2015, 355 jogadores
“made in Brazil” foram negociados com o exterior. Tratou-se
da maior movimentação desde 2011, vibra a entidade. E a
colunista chora. Nada contra os meninos a bem da verdade,
famílias inteiras que enxergaram na dobradinha bola &
passaporte o bilhete premiado da mobilidade social, ainda
complicadíssima na terra onde nasceram. As lágrimas têm
a ver com o pesar de atestar a parcela humana da grande
paixão nacional transformada em mercadoria. E ganham
carga simbólica por brotarem no dia seguinte à chuvarada
de dólares falsos que desabou sobre o poderoso chefão da
Fifa, Joseph Blatter.
(...)
Os meninos da bola no pé, outrora latifundiários da
alegria pentacampeã, viraram soja, milho, gado. Cotados
em dólares, foram alimentar outras freguesias. Partem cada
vez mais jovens, em busca de estrutura, remuneração e
glórias que o futebol brasileiro já não consegue entregar em
território local. Os senhores do mercado comemoram o efeito
câmbio. E falham por desconsiderar o ativo inestimável de
que abrem mão. E por preços módicos.
Faz décadas, especialistas brasileiros em comércio
exterior alertam para o perigo da pauta primária. O país
estaria errando ao produzir e vender ao mercado internacional
itens básicos sem qualquer valor agregado. Apenas lá fora
as mercadorias seriam beneficiadas e, a partir daí, valeriam
mais, gerando riqueza além de nossas fronteiras. É vender
a soja em grão, barata, em vez do óleo, caro; o petróleo, em
vez da gasolina; o minério de ferro, no lugar da chapa de
aço. A venda precoce e intensiva de jogadores, da mesma
forma, empobrece aquilo que já foi inestimável produto com
denominação de origem, o futebol nacional.
OLIVEIRA, F. Jogador é soja. O Globo, 22 jul. 2015.
TEXTO II
A CBF divulgou, na terça-feira (21), informações sobre
a saída de jogadores de futebol do Brasil para o exterior. Os
dados são gerados pela Diretoria de Registro e Transferência,
setor da entidade que cuida do assunto. Não há tom festivo
ou negativo no texto, cujo título – “Transferências para o
exterior: números do mercado da bola” – é simples e apenas
indica o tema do material. O futebol é a maior paixão nacional
e, antes de qualquer contrato que o jogador possa assinar,
o esporte mais popular do mundo tem funções sociais e de
saúde inestimáveis. Entretanto, precisamos lembrar também
que futebol é um negócio e esse viés econômico não foi
criado pela CBF ou por qualquer outra confederação. No
mercado aberto de competição por títulos, um clube reforça
o seu plantel com atletas de maior desempenho, pagando
pelos serviços desses jogadores. Eles não são mercadorias.
São pessoas que são contratadas por agregarem valores
esportivos e outros intangíveis à marca do clube. A CBF
respeita qualquer interpretação que seja feita a partir dos
dados aferidos pela Diretoria de Registro e Transferência,
mas ressalta que, ao divulgar tais informações, preza pela
transparência e o acesso do público ao trabalho realizado.
Nota da CBF, de 24 jul. 2012, expedida a propósito do artigo da jornalista
(e divulgada por ela).
O “diálogo” entre os dois textos apresentados – a propósito
da transferência, em número crescente, de jovens jogadores
de futebol para o exterior – deixa claro que os respectivos
emissores
a) concordam quanto ao fato de que os jogadores
negociados “agregam valor” aos seus clubes de origem.
b) divergem quanto ao fato de que as transferências dos
atletas constituem um fato econômico.
c) discorrem sobre assuntos diferentes, até pelos distintos
pontos de vista por eles externados.
d) atribuem ao futebol diferentes valores apreciativos por
parte da população brasileira.
e) enfocam o tema segundo pontos de vista distintos
quanto às vantagens econômicas das transferências.
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c) discorrem sobre assuntos diferentes, até pelos distintos
pontos de vista por eles externados.
pontos de vista por eles externados.
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