TEXTO: EM MAUS LENÇÓIS
Eu tinha apenas quatorze anos quando fugi de casa pela primeira vez. Não suportando a tensão que me aniquilava, efeito das perseguições e xingamentos incessantes, tratei de escapulir. Frequentava o ginásio, mas, entre os meus colegas, considerava-me perseguido e humilhado. No meu lar não tinha liberdade para nada, vivia confinado, aguentando ameaças e descomposturas; na escola sempre preterido, por este ou aquele pretexto, rejeitado até nas atividades esportivas de que tanto gostava. Sempre o pior trajado, o uniforme sovadíssimo, de um amarelo desbotado, horrível, e os sapatos estropiados, desmanchando-se. Era tempo de guerra, havia crise. Mas eu não compreendia isso: meus colegas vestiam-se bem. O pior mesmo eram as xingações, as invectivas.
Ela bradava com frequência:
___ Você anda jogando buzo com os botões da calça! Não é capaz de andar arrumado, limpo, moleque sem-vergonha!O seu fim vai ser triste, bruaco!...
Ele corroborava, mesmo à mesa das refeições:
___ Você não merece o feijão que come, pedaço de asno, ignorante!...
Não aguentei. Meti algumas peças de roupa dentro da bolsa escolar e, ao invés de dirigir-me ao ginásio, emboquei num ônibus estacionado na rodoviária. Vazio, aguardava horário de partida e, também, os passageiros que dia a dia minguavam. Não me foi difícil, pois, passar despercebido. Encaracolado atrás do encosto do último assento, esperei ansiosa e nervosamente a partida: minha independência. Apesar de ter sido bem-sucedido naquela estratégia comum de fuga, não driblei por muito tempo o fracasso. Na madrugada imediata, enquanto eu dormia no banco de uma jardineira carunchenta, abandonada nas proximidades de um posto de gasolina, fui descoberto por um bate-pau e prontamente conduzido ao xadrez. Sem mais cerimônias, cortaram-se as asas e meteram-me na gaiola. Permaneci várias semanas ali esquecido, sem jamais ser interrogado, e sem ninguém dar-se pela presença de uma criança na cadeia pública. Tinha, aliás, por companheiro, um outro garoto, mais ou menos de minha idade, que já se achava preso há mais tempo.Também fora encontrado a sós e metido a ferros. Era necessário limpar as ruas da progressista comarca, dar segurança e tranquilidade aos seus moradores ordeiros e pacatos. Ao reclamar da situação, o carcereiro, bocejando de tédio, respondeu-me:
___ Quando vier o novo delegado, ele resolve...
___ E eu? Perguntou Giba.
___ Está na mesma... Dependo do delegado que vier. Às vezes vem logo, às vezes não...
Em tal expectativa passamos tempo considerável.
( Antônio Machetti )
COMPREENSÃO DO TEXTO
1- Quem é o narrador do texto?
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2- O que ele nos conta?
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3- O que a personagem central fazia antes de abandonar o lar?
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4- Por que resolveu fugir?
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5- Por que era perseguido e humilhado pelos colegas?
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6- O que aconteceu ao rapaz, quando fugiu de casa?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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1 - Um garoto de 14 anos.
2 - Que fugiu de casa por sofrer maus tratos e pela pobreza.
3 - Frequentava o ginásio.
4 - Por não aguentar mais os maus tratos em casa, a pobreza e os desaforos e a humilhação dos colegas de escola.
5 - Por ser humilhado pelos colegas
6 - Foi preso por ser uma sem teto.
2 - Que fugiu de casa por sofrer maus tratos e pela pobreza.
3 - Frequentava o ginásio.
4 - Por não aguentar mais os maus tratos em casa, a pobreza e os desaforos e a humilhação dos colegas de escola.
5 - Por ser humilhado pelos colegas
6 - Foi preso por ser uma sem teto.
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