Texto de português: conversa de compadre !!
joao20031947joaorn12:
e de piada ou nao
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Boa noite,
Vamos lá:
A bodega estava quase às moscas. Dois bêbados renitentes, melados ainda com a primeira pinga da manhã; três tamboretes vazios ao pé do balcão de madeira; cinco sacos de fornecimento com as bocas esbodegadas: arroz, farinha, feijão, milho e açúcar; uns rolos de fumo pendurados no teto de telhas vãs; outros, de cordas e de linguiça. Ao redor de tudo, circunvagando pelo aposento, moscas, muita mosca.
De repente, a saudação de dois compadres, na soleira do estabelecimento:
— Tarde!
— Tarde, compadre.
— E a comadre, como vai?
— De saúde do corpo, boa. Mas, os nervos...
— Nem me fale, compadre! A minha está que eu não aguento. Nem me deixa mais sair para a casa... Cê sabe, o homem tem as suas precisões. Ela, antes, me entendia. Agora, qual o quê! Grita, esbraveja, e eu me recolho, a assistir o Varandão da Fazenda no meu radinho de pilha; só, a sonhar com o cheiro das cunhãs novas do Caneco Amassado.
— A minha nem se importa comigo. Saio, volto, bebo, esbodego, ato e desato... e ela, nem aí! Só se preocupa com Rosinha, nossa única filha. A menina, sua afilhada, mal entrou na casa dos vinte, e ela está uma pilha: que já era para estar enrabichada!, que caminha a passadas largas para o caritó!, que não teve filha para ser velha e solteirona!, que sonha com os netos!... E a coitadinha, novinha, mal saiu da meninice, corre para a casa da vizinha, e se põe a chorar nos braços dela.
— Sei.
— Você deve conhecer a vizinha: Maroca. É a única que consola a sua afilhada, compadre.
— Hummm... sei.
— Apesar de meio grosseirona, meio avantajada de corpo, Maroca não desprega da bichinha. Sabe ajeitá-la como nenhuma outra. Certa noite, eu vi as duas na calçada. Era bem tarde, e reparei bem, quando Maroca ajeitava a rebeldia de Rosinha. Abraçadas, como duas irmãs. Sabe, compadre, como a irmã que eu não dei a ela. Você sabe, não sabe, compadre?
— Hummm... sei, compadre. Ó se sei.
— E a mulher, ontem, veio me falar em mudar de cidade, levar nossa filha para outros ares, para ver se lhe arranja um homem. E, quando ela disse isso para a sua afilhada, compadre, sabe quem entrou lá em casa, na mesma noite, cheia de desaforo?
— Hummm...
— A Maroca. Ela arregaçou os braços, arregalou os olhos, bufou, disse que não, que ninguém tiraria Rosinha de perto dela, e umas coisas que nem lembro mais. Um horror! Acho que foi isso que fez a sua comadre adoecer dos nervos. Cê não acha, compadre?
— Tarde, compadre.
Nesta hora, os bêbados pediram a segunda pinga, as moscas serenaram na corda de fumo, e o bodegueiro cuspiu grosso no chão, olhando para os dois compadres com cara de poucos amigos.
Vamos lá:
A bodega estava quase às moscas. Dois bêbados renitentes, melados ainda com a primeira pinga da manhã; três tamboretes vazios ao pé do balcão de madeira; cinco sacos de fornecimento com as bocas esbodegadas: arroz, farinha, feijão, milho e açúcar; uns rolos de fumo pendurados no teto de telhas vãs; outros, de cordas e de linguiça. Ao redor de tudo, circunvagando pelo aposento, moscas, muita mosca.
De repente, a saudação de dois compadres, na soleira do estabelecimento:
— Tarde!
— Tarde, compadre.
— E a comadre, como vai?
— De saúde do corpo, boa. Mas, os nervos...
— Nem me fale, compadre! A minha está que eu não aguento. Nem me deixa mais sair para a casa... Cê sabe, o homem tem as suas precisões. Ela, antes, me entendia. Agora, qual o quê! Grita, esbraveja, e eu me recolho, a assistir o Varandão da Fazenda no meu radinho de pilha; só, a sonhar com o cheiro das cunhãs novas do Caneco Amassado.
— A minha nem se importa comigo. Saio, volto, bebo, esbodego, ato e desato... e ela, nem aí! Só se preocupa com Rosinha, nossa única filha. A menina, sua afilhada, mal entrou na casa dos vinte, e ela está uma pilha: que já era para estar enrabichada!, que caminha a passadas largas para o caritó!, que não teve filha para ser velha e solteirona!, que sonha com os netos!... E a coitadinha, novinha, mal saiu da meninice, corre para a casa da vizinha, e se põe a chorar nos braços dela.
— Sei.
— Você deve conhecer a vizinha: Maroca. É a única que consola a sua afilhada, compadre.
— Hummm... sei.
— Apesar de meio grosseirona, meio avantajada de corpo, Maroca não desprega da bichinha. Sabe ajeitá-la como nenhuma outra. Certa noite, eu vi as duas na calçada. Era bem tarde, e reparei bem, quando Maroca ajeitava a rebeldia de Rosinha. Abraçadas, como duas irmãs. Sabe, compadre, como a irmã que eu não dei a ela. Você sabe, não sabe, compadre?
— Hummm... sei, compadre. Ó se sei.
— E a mulher, ontem, veio me falar em mudar de cidade, levar nossa filha para outros ares, para ver se lhe arranja um homem. E, quando ela disse isso para a sua afilhada, compadre, sabe quem entrou lá em casa, na mesma noite, cheia de desaforo?
— Hummm...
— A Maroca. Ela arregaçou os braços, arregalou os olhos, bufou, disse que não, que ninguém tiraria Rosinha de perto dela, e umas coisas que nem lembro mais. Um horror! Acho que foi isso que fez a sua comadre adoecer dos nervos. Cê não acha, compadre?
— Tarde, compadre.
Nesta hora, os bêbados pediram a segunda pinga, as moscas serenaram na corda de fumo, e o bodegueiro cuspiu grosso no chão, olhando para os dois compadres com cara de poucos amigos.
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