Texto: Da política até a Política de Aristóteles.
“Já se conseguiu dizer que a filosofia fala grego. É possível. Em todo caso, é certo que a política,
sim, fala grego. Não se pode, com efeito, falar acerca de política sem a língua grega: “tirania”, “monarquia”,
“oligarquia”, “aristocracia”, “plutocracia”, “democracia”... todo nosso vocabulário político saiu dela. E, em
primeiro lugar, a própria palavra política. A palavra tanto quanto a coisa. A política, de fato, a própria ideia de
política, é o produto de um momento singular em que se cruzaram, em nossa história, dois frutos da história
grega: um novo modo de pensar surgido por volta do século VI a. C., fundado no livre exame e na interrogação
sobre o fundamento de todas as coisas, encontrou um modo livre e novo de viver juntos, surgido no século VII
a.C., chamado pólis. produto desse cruzamento, a política é a prática da pólis que se tornou consciente de si
própria, ou, inversamente a investigação sistemática aplicada à pólis. É, numa palavra, o livre pensamento de
uma vida livre. “Política” é, com efeito uma dessas palavras curiosas (como a palavra “história”) que designam
ao mesmo tempo uma “ciência” e o seu objeto: entende-se efetivamente por ela um conjunto de práticas às quais
os homens se dedicam para coexistir, e também o estudo objetivo dessas mesmas práticas. ( Da mesma forma, a
história é ao mesmo tempo o devir das sociedades e o seu estudo.) Ora, de certa maneira, um não anda sem o
outro: enquanto o político não se deu ao olhar dos homens como um objeto que se possa estudar e interrogar por
ele próprio, os homens “não fizeram” política. Sem dúvida, antes do aparecimento da política, já existiam
sociedades, e os homens se acomodavam a elas, bem ou mal, para viverem juntos. Mas, enquanto não pensaram
aquilo que viviam como algo que pertencia a um domínio que chamamos de político, isto é, como algo que
dependia deles, eles não poderiam especificamente, falando, fazer política: submetiam-se a um poder como a um
destino, contra o qual nada se pode fazer, uma vez que não existe enquanto tal, tão próximo está daquilo que se
é; um poder, frágil ou todo-poderoso, mas sempre vindo do alto, no qual mal se distinguem a autoridade do
chefe, a irrecusabilidade da tradição e o temor aos deuses. E assim como um povo sem memória histórica não
tem verdadeiramente história, uma vez que não pode agir sobre ela, da mesma forma um povo sem a consciência
de um domínio próprio da coisas da cidade não pode agir politicamente, uma vez que não sabe que a política é
aquilo que lhe pertence. Aquilo que é a própria existência da pólis permitiu, na vertente das práticas ( a política
que se faz), a existência do pensamento racional o permitiu, na vertente da consciência reflexiva ( a política que
se estuda). E esta foi desde logo descritiva e normativa: pois poder pensar a maneira pela qual se vive
politicamente, poder distanciar-se dela para tomá-la como objeto, já é simplesmente pensar que se poderia nãoviver assim (mas viver de outro modo). Se a política é aquilo que depende de nós também que ela seja outra, e,
por que não?, perfeita. O pensamento político clássico se deu sempre esses três objetivos: pensar o que é a vida
política, o que ela poderia ser e o que ela deveria ser.”
WOLFF, Francis. Aristóteles e a política. 2. ed. São Paulo: Discurso Editorial,
2001. p. 7 - 9. ( (Coleção Clássicos e
Comentadores)
Questões:
01 - Que relação o autor estabelece entre política e história?
02 - Segundo o autor, como as sociedades se submetiam ao poder antes de conhecer a política?
03 - Quais são os três principais objetivos do pensamento clássico sobre a política?
04 - Identifique as principais palavras do nosso vocabulário que fala sobre política originadas do grego.
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