Texto Começar de Novo, Ricardo Freire.
Quanto à tipologia textual, qual é o gênero textual de Começar de novo?
LEIA O TEXTO ABAIXO ATENTAMENTE:
Começar de novoRicardo Freire (O Estado de S. Paulo, 11/2006)
Aconteceu mais de uma vez: ele me abandonou. Como todos os outros. O quinto. A gente já estava junto há mais deum ano. Parecia que dessa vez seria para sempre. Mas não: ele desapareceu de repente, sem deixar rastro. Quando medei conta, fiquei horas ligando sem parar \u2013 mas só chamava, chamava, e ninguém atendia. E então fiz o que precisavaser feito: bloqueei a linha. A verdade é que nenhum telefone celular me suporta. Já tentei de todas as marcas e operadoras, apenas paradescobrir que eles são todos iguais: na primeira oportunidade, dão no pé. Esse último aproveitou que eu estava distraídoe não desceu do táxi junto comigo. Ou será que ele já tinha pulado do meu bolso no momento em que eu embarcava notáxi? Tomara que sim. Depois de fazer o que me fez, quero mais é que ele tenha ido parar na sarjeta.
Não que eu não tenha a minha parcela de culpa. Eu tento não demonstrar, mas no fundo todo celular sabe que eu nãovou nem um pouco com a cara dele. Se soubesse falar alguma coisa além de \u201cvocê tem... uma.. nova mensagem; duas...mensagens antigas\u201d, qualquer um dos meus ex-celulares diria que eu só lembrava deles na hora em que precisava. Noresto do tempo, não dava a mínima. Quantas vezes eu já me recusei a atender aos seus chamados? Reconheço: eu tenhosido cruel, e mereci cada uma das vezes em que fui abandonado.
Fazendo um exame de consciência, vejo que eu nunca tentei entender nenhum dos meus ex-celulares. Hoje em dia oscelulares escrevem, batem foto, cantam, servem de porta-retrato \u2013 mas eu nunca nem quis saber. Celular meu até hojesó serviu para carregar voz pra cima e pra baixo. Não admira que eles tentem ser felizes ao lado de alguém que realizetudo o que é capaz.
Mas veja bem: eu não sou assim tão mau e desprezível. Tem quem me queira. Minha carteira, por exemplo, nunca medeixou. Minhas chaves claramente gostam da minha companhia; não escapuliram nem quando furou o bolso do meujeans de estimação. Meus guarda-chuvas tampouco fogem com o primeiro taxista que aparece. Só os celulares meodeiam.
Se ainda fossem embora do jeito que chegaram, tudo bem. Mas não: quando se separam de mim, meus ex-celulareslevam com eles todos os telefones armazenados na memória. Mas já sei o que vou fazer. No caminho da loja decelulares, vou passar numa papelaria. Pensando bem, nenhuma das minhas agendinhas de papel jamais me abandonou.
alineonline:
tipologia é uma coisa, gênero textual é outra.
Soluções para a tarefa
Respondido por
7
Olá,
1) A ambiguidade é que o autor compara sua relação com o objeto como se fosse um término de relacionamento amoroso, quando na verdade é apenas que ele perde os aparelhos celulares.
2) Exemplos de metáforas do texto podem ser encontradas em "Minha carteira, por exemplo, nunca me deixou" e "nenhum telefone celular me suporta". São expressões figuradas.
3) O gênero textual de Começar de novo, texto de Ricardo Freire, é a crônica,
Espero ter ajudado!
Perguntas interessantes
Artes,
9 meses atrás
Biologia,
1 ano atrás
Matemática,
1 ano atrás
História,
1 ano atrás
Biologia,
1 ano atrás