TEXTO:
Ciência, bruxas e raças
Do ponto de vista biológico, raças humanas não existem. Essa constatação, já evidenciada pela genética clássica, hoje se tornou um fato científico irrefutável com os espetaculares avanços do Projeto Genoma Humano. É impossível separar a humanidade em categorias biologicamente significativas, independentemente do critério usado e da definição de "raça" adotada. Há apenas uma raça, a humana.
Sabemos, porém, que raças continuam a existir como construções sociais. Alguns chegam mesmo a apresentar essa constatação com tom de inevitabilidade absoluta, como se o conceito de raça fosse um dos pilares da nossa sociedade. Entretanto, não podemos permitir que tal construção social se torne determinante de toda a nossa visão de mundo nem de nosso projeto de país.
Em recente artigo na "Revista USP", eu e a filósofa Telma Birchal defendemos a tese de que, embora a ciência não seja o campo de origem dos mandamentos morais, ela tem um papel importante na instrução da esfera social. Ao mostrar "o que não é", ela liberta pelo poder de afastar erros e preconceitos. Assim, a ciência, que já demonstrou a inexistência das raças em seu seio, pode catalisar a desconstrução das raças como entidades sociais. Há um importante precedente histórico para isso.
Durante os séculos 16 e 17, dezenas de milhares de pessoas foram oficialmente condenadas à morte na Europa pelo crime de bruxaria. As causas dessa histeria em massa são controversas. Obviamente, a simples crença da época na existência de bruxas não é suficiente para explicar o ocorrido.
É significativo que a repressão à bruxaria tenha vitimado primariamente as mulheres e possa ser interpretada como uma forma extrema de controle social em uma sociedade dominada por homens. Mas, indubitavelmente, a crença em bruxas foi essencial para alimentar o fenômeno.
Assim, podemos afirmar que, na sociedade dos séculos 16 e 17, as bruxas constituíam uma realidade social tão concreta quanto as raças hoje em dia.
De acordo com o historiador Hugh Trevor-Roper, o declínio da perseguição às bruxas foi em grande parte causado pela revolução científica no século 17, que tornou impossível a crença continuada em bruxaria.
Analogamente, o fato cientificamente comprovado da inexistência das "raças" deve ser absorvido pela sociedade e incorporado às suas convicções e atitudes morais.
Uma atitude coerente e desejável seria a valorização da singularidade de cada cidadão. Em sua individualidade, cada um pode construir suas identidades de maneira multidimensional, em vez de se deixar definir de forma única como membro de um grupo "racial" ou "de cor".(...)
1- No texto ciência bruxas e raças o autor:
a) discute a questão das desigualdades sociais a partir do mascaramento de injustiças socioculturais.
b) considera a existência de raças biológicas no mundo como uma questão científica indiscutível.
c) idealiza uma nova ordem mundial fundada no respeito ao indivíduo humano, não estigmatizado por questões raciais.
d) propõe um amplo debate científico para discutir a existência ou não de raças biológicas.
2- De acordo com as ideias discutidas no texto, “bruxas e raças:
a) são criações humanas que se equivalem pelo caráter precário de suas verdades.
b) são realidades concretas, cada uma em uma época, com respaldo científico.
c) têm em comum o fato de serem realidades históricas polêmicas de países com tradição escravista.
d) fazem parte de um mundo preconceituoso criado pelo homem, apoiado parcialmente pela comunidade científica.
3- A frase “Há apenas uma raça, a humana.” (l.04), contextualizada no primeiro parágrafo.
a) estabelece contraste entre “fato científico” e “ponto de vista biológico”
b) contesta teorias científicas baseadas em construções sócias.
c) refuta os avanços do Projeto Genoma Humano.
d) amplia e esclarece a declaração inicial.
4- Na frase “Há um importante precedente histórico para isso” (l.13), os termos “precedente histórico e “isso”, respectivamente, referem-se:
a) ao fato de a ciência ter desconstruído a crença em bruxarias e ao afastamento de erros e preconceitos promovidos pela ciência quando mostra “ o que não é”.
b) ao conceito de raça como um dos pilares da nossa sociedade e ao poder de afastar os erros e preconceitos.
c) à crença na existência de bruxas e à desconstrução das raças como entidades sociais.
d) à crença continuada em bruxaria e à aceitação de raças como entidades sociais.
5- Assinale a alternativa em que o advérbio foi utilizado para exprimir circunstância de tempo:
a) Possivelmente viajarei para Paris no próximo final de semana.
b) A viagem para São Paulo está programada há mais de 05 meses.
c) Os passageiros chegaram demasiadamente atrasados.
d) As aeronaves decolaram concomitantemente.
Soluções para a tarefa
Respondido por
1
Resposta:
respostas por FAVORRRR
Respondido por
10
Resposta:
espero ter ajudado é noixx
Anexos:
Hummmvoceaquii:
Certeza man?
Perguntas interessantes
Matemática,
5 meses atrás
Geografia,
5 meses atrás
Biologia,
5 meses atrás
Geografia,
6 meses atrás
Matemática,
6 meses atrás
Química,
10 meses atrás
História,
10 meses atrás
Geografia,
10 meses atrás