Texto-base:
“Muitos imaginaram repúblicas e principados que jamais foram vistos e que nem se soube se existiram na verdade, porque há tamanha distância entre como se vive e como se deveria viver, que aquele que trocar o que se faz por aquilo que se deveria fazer aprende antes a arruinar-se que a preservar-se; pois um homem que queira fazer em todas as coisas profissão de bondade deve arruinar-se entre tantos que não são bons. Daí ser necessário a um príncipe, se quiser manter-se, aprender a poder não ser bom e a valer-se ou não disto segundo a necessidade”
(MAQUIAVEL, Nicolo. O Príncipe. Tradução Maria Goldwasser. São Paulo: Martin Fontes, 2008. P. 43)
Enunciado:
A obra “O Príncipe”, de Maquiavel, marca uma importante mudança no paradigma da Filosofia Política. Essa virada é caracterizada por:
A - Defender o conceito de sofocracia, ou seja, o governo dos sábios.
B - Apresentar o princípio do Direito Divino dos Reis.
C - Utilizar da imoralidade como base da política.
D - Adotar o princípio pragmático como central na política.
E - Argumentar pela democracia como forma ideal de organização.
#simuladoENEM2021
Soluções para a tarefa
A alternativa “d” é verdadeira, pois a mudança representada por Maquiavel é o afastamento de uma compreensão de política que tomava por base os dogmas morais e religiosos cristãos e a aproximação com um conceito pragmático, conceito que determinava que o “bem” na política é medido pelos efeitos práticos de uma decisão, e não por seus fundamentos morais.
Em relação às outras alternativas:
A é falsa, uma vez que o conceito de sofocracia foi defendido por Sócrates, não por Maquiavel, não representando uma mudança no paradigma da Filosofia Política (por ser um conceito já antigo na Idade Média), nem uma apresentação correta das ideias de Maquiavel.
B é falsa, já que a Teoria do Direito Divino dos Reis era aquela defendida por Bossuet e tomava um tipo de base religiosa da moral cristã que é incompatível com as ideias de Maquiavel.
C é falsa, já que a ideia de Maquiavel não é a da imoralidade, mas sim a de uma “outra moral”, que toma por base uma série de preocupações práticas e por valor máximo a manutenção do bem-estar social, moral que é diferente da “moral comum”.
E é falsa, já que Maquiavel defende, em “O Príncipe”, um modelo político aristocrático no qual as massas seriam “conduzidas” por uma elite benigna (o monarca e seus assessores mais próximos) em direção ao bem, mas sem participação efetiva nesse processo.
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Maquiavel, ao escrever a obra "O Príncipe", traz um pensamento de inovação à época moderna. Maquiavel diferencia ética de política e muda o panorama político até os dias atuais (D).
Para Maquiavel, o político de vigor e poder inabaláveis pensa e age de modo estratégico para se manter no poder. Assim, ele deve ser astuto e não contar, apenas, com a sorte, pois ela é mutável.
Assim, um bom político, para Maquiavel, é aquele que separa a ética da política, pois a ética deve ser posta no campo pessoal e particular, onde nada se tem a ver com a política, que representa campo de interesse comum. O político não deve agir perante ações éticas. Ele deve ser, sobretudo, político e separar valores morais de valores políticos.
Logo, na política, vale-se de tudo para manter o poder e o prestígio perante o povo.
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