Português, perguntado por ednilsonegcs, 9 meses atrás

Texto 3 Um cão, apenas Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim – plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito –, eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal do pórtico, um cãozinho triste interrompe o seu sono, levanta a cabeça e fita-me. É um triste cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas, as mechas brancas do pelo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrima que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com um grande esforço acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz ali, eu não devia ter chegado. Já que lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem... Ele, porém, levantava-se e olhava-me. Levantava-se com a dificuldade dos enfermos graves: acomodando as patas da frente, o resto do corpo, sempre com os olhos em mim, como à espera de uma palavra ou de um gesto. Mas eu não o queria vexar nem oprimir. Gostaria de ocupar-me dele: chamar alguém, pedir-lhe que o examinasse, que receitasse, encaminhá-lo para um tratamento... Mas tudo é longe, meu Deus, tudo é tão longe. E era preciso passar. E ele estava na minha frente inábil, como envergonhado de se achar tão sujo e doente, com o envelhecido olhar numa espécie de súplica. Até o fim da vida guardarei seu olhar no meu coração. Até o fim da vida sentirei esta humana infelicidade de nem sempre poder socorrer, neste complexo mundo dos homens. Então, o triste cãozinho reuniu todas as suas forças, atravessou o patamar, sem nenhuma dúvida sobre o caminho, como se fosse um visitante habitual, e começou a descer as escadas e as suas rampas, com as plantas em flor de cada lado, as borboletas incertas, salpicos de luz no granito, até o limiar da entrada. Passou por entre as grades do portão, prosseguiu para o lado esquerdo, desapareceu. Ele ia descendo como um velhinho andrajoso, esfarrapado, de cabeça baixa, sem firmeza e sem destino. Era, no entanto, uma forma da vida. Uma criatura deste mundo de criaturas inumeráveis. Esteve ao meu alcance; talvez tivesse fome e sede: e eu nada fiz por ele; amei-o, apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão concreta. Deixei-o partir, assim humilhado, e tão digno, no entanto: como alguém que respeitosamente pede desculpas de ter ocupado um lugar que não era seu. Depois pensei que nós todos somos, um dia, esse cãozinho triste, à sombra de uma porta. E há o dono da casa, e a escada que descemos, e a dignidade final da solidão. Cecília Meireles. Ilusões do mundo: Crônicas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. p. 16. Texto 4 O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Manuel Bandeira. Belo belo. In: Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio/INL, 1970. TEXTO 5 Notícia 29 de abril de 2011 O pesquisador Maicon Saul Faria, da Universidade de Campinas (Unicamp), estipulou R$ 500 de recompensa para quem localizar seu gato de estimação – o Esquilo – e mobilizou um batalhão de captura. O bicho está desaparecido desde segunda-feira à tarde, quando escapou da gaiola em que viajava de Tocantins para Campinas, em um voo da Gol, durante a troca de aeronave feita no Aeroporto de Brasília. Ele conta com o auxílio de voluntários recrutados pela Augusto Abrigo, entidade dedicada à proteção de animais abandonados, que também cedeu duas gatoeiras. Disponível em: . Acesso em: 6 maio 2011. Assinale a afirmativa correta.

A Os três textos desenvolvem o mesmo tema – a relação afetiva entre os seres humanos e os animais.


B A notícia de jornal (texto 5) serve de exemplo concreto para o tema da crônica de Cecília Meireles, expresso na frase “amei-o, apenas, com uma caridade inútil, sem qualquer expressão concreta”.



C O poema de Manuel Bandeira desenvolve-se, desde o título, em torno de uma metáfora; na crônica de Cecília Meireles, apenas os parágrafos finais transformam o velho cão em imagem do ser humano.



D Apenas os textos 4 e 5 desenvolvem o mesmo tema: o amor dos homens pelos animais.

Soluções para a tarefa

Respondido por joaodias22
12

Resposta: letra C

Explicação:

PLURALL


zattiyasmin: vlw
Respondido por Ellie10
3

Resposta:

Letra C

Explicação:

PLURALL confia

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