TEXTO 3
OS PAIS DEVEM LIMITAR O USO DO COMPUTADOR”
Quem diz isso é o homem que dirige uma das maiores empresas de informática do País, a
Oracle. Para ele, o excesso prejudica as crianças.
Ele anda com dois telefones celulares no bolso e tem acesso rápido à Internet na palma da
mão. Em casa, Silvio Genesini pode acessar seus e-mails em qualquer cômodo com seu
computador pessoal ou de mão. Isso, sem ligar um único fio – em tempos de wireless, tudo é
permitido ao presidente da Oracle do Brasil. Ou melhor, quase tudo. O próprio executivo, que
comanda a filial de uma das maiores empresas se software do planeta, renuncia à chamada
conectividade absoluta e abre mão de poder estar 100% do tempo plugado ao mundo. À noite e
nos fins de semana, ele se desliga. “É preciso haver limites entre a vida pessoal e profissional. Os
maníacos pela tecnologia exageram muito”, afirma. As famílias precisam de tecnologia, mas
devem aprender a usá-las sem exageros. Os pais, defende Genesini, têm de impor limites ao uso
dos computadores pelos filhos. E, como nos velhos tempos, mandá-los para a rua para brincar e
interagir com as outras crianças, afirmou o executivo a ISTOÉ na seguinte entrevista.
ISTOÉ – Hoje, muitas crianças têm celular, computador na escola e em casa. Estão sempre conectadas. Isso
é bom?
Silvio Genesini - Nem sempre. O lado positivo é a familiaridade com a tecnologia. A próxima
geração já vai nascer com uma familiaridade magnífica. Tudo vai ser absolutamente natural e elas
irão adotar mais rapidamente as tecnologias em seu próprio benefício. Com isso, um pedaço
maior da sociedade estará mais preparado para seguir carreiras relacionadas à tecnologia. O
problema é o exagero. O abuso do computador é um perigo muito grande, a criança pode perder
coisas muito boas e ficar viciada.
ISTOÉ – Quais são os riscos?
Genesini – Desde o vício em jogos eletrônicos até o excesso de utilização do computador. Pode
haver a perda do contato pessoal, dos processos lúdicos. Brincar, jogar bola, conviver com as
pessoas e ir para a balada são essenciais para o desenvolvimento. O risco de perder tudo isso é
preocupante. Assim como as pessoas devem impor limites a si mesmas no trabalho, a criança
também tem que ter limites.
ISTOÉ – O que os pais podem fazer? Como tratar um filho adolescente viciado em jogos de computador?
Genesini – Os pais têm que limitar o uso, não deixar o filho ligar o computador fora dos horários
combinados. Têm que exercer os poderes da paternidade, mandar a criança para a rua, jogar bola,
passear. O contato pessoal é extremamente importante. Têm que tirar o filho da tomada. O vício
em joguinhos é terrível. Outra questão extremamente relevante nesse contexto é a palavra escrita
e a falada. Os jovens estão escrevendo de forma totalmente diferente nos e-mails e nas mensagens
rápidas. Está surgindo um novo idioma, completamente diferente. Um canal de tevê a cabo tem
legendas nesse idioma e é difícil prestar atenção, seguir aquele negócio do jeito que o pessoal fala.
O que potencialmente seria uma revitalização da palavra escrita virou um negócio muito
precário. Não é bom. Por isso, deve-se estimular o hábito da leitura. Se alguém medir os índices
de leitura, provavelmente vai ver que está caindo ou ficando banal. Nada supera um livro. Nada.
Definitivamente, o hábito de leitura é fundamental para você aprender a escrever, a falar, a se
apresentar. A tecnologia pode ajudar, mas sua utilização tem que ter um limite.
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