Texto
20 anos da Lei das Águas: “Avançamos, mas não o suficiente
para resolver todos os problemas”, comenta gerente da ANA
[…]
WRA – Com a Lei das Águas, quais foram os nossos principais avanços
em relação à gestão dos recursos hídricos em nosso País?
Antônio Félix Domingues – Nós avançamos muito na melhoria da situação
de águas do Brasil em várias regiões, mas não fomos capazes de resolver todos os
problemas que o Brasil tem nessa questão de águas. Ainda temos poluição prin-
cipalmente devido à questão de falta de saneamento em várias cidades e falta de
tratamento de esgoto. A poluição industrial diminuiu bastante nos últimos 20 anos,
mas ainda existe em algumas regiões. Organizamos vários comitês e instalamos
todos os instrumentos de gestão – como a outorga e o planejamento das bacias
– mas muito ainda precisa ser feito para essa questão. O Brasil é muito grande. Os
nossos principais objetivos eram que tivéssemos, depois de um determinado
tempo, resolvido principalmente os principais problemas que estão no Nordeste
por causa da falta de água e no Sudeste (nas grandes regiões metropolitanas) com
a questão da poluição das águas. De alguma maneira, esses problemas foram
equacionados e estão sendo resolvidos, mas eu diria que temos ainda mais uns
20, 30 anos de trabalho para podermos dizer que estamos num nível satisfatório.
WRA – Quais são os principais entraves, que não permitiram que o Brasil
avançasse ainda mais na gestão da água?
AFD – Nós temos dificuldades estruturais. Não é só a questão de recursos
(de dinheiro). Há também a questão da conscientização do povo para a questão
da economia da água. Infelizmente ainda temos muito desperdício de água.
Uma vez que a sociedade não sinaliza o valor que ela dá para a água, os políti-
cos também não apresentam a água em suas plataformas para pedir voto. É um
mundo que vamos construindo e deixando as coisas todas para o futuro. No
entanto, também é preciso nós reconhecermos que muito foi feito nesses 20
anos. Hoje o Nordeste brasileiro passa por uma seca, que já está em seu quinto
ano, no entanto você não tem o problema de 30, 40, 50, 100 anos atrás, em que
cada seca que tinha no Nordeste você tinha milhares de pessoas mortas e mi-
grando para as grandes cidades. A população do Nordeste não migra mais. Ela
tem um sistema de abastecimento, seja por captação de água da chuva por
meio de uma cisterna, ou o sistema que ainda existe em muitas regiões (que
não conseguimos suprimir mas diminuiu muito) que é por carros-pipas. Mas
muito foi feito nesses vinte anos, muitas barragens e adutoras foram feitas. […]
WRA – E em relação aos outros países, como está a situação do Brasil?
AFD – Não chegamos à situação em que se encontram, por exemplo, os prin-
cipais países da Europa, que conseguiram limpar bastante as suas águas. […]
Os trabalhos são muito lentos, as obras, a mudança de percepção da população,
do empresário, do professor, do prefeito, do legislador, do comunicador… tudo
isso precisa ser feito. Não adianta convencer apenas um segmento da socieda-
de. É preciso que a sociedade inteira esteja acordada para valorizar a água. […]
WEB RÁDIO ÁGUA. Entrevista com Antônio Félix Domingues. Centro Internacional de
Hidroinformática. Parque Tecnológico Itaipu. Foz do Iguaçu, 23 mar. 2017.
Pergunta
Qual é o principal problema que o Brasil ainda enfrenta para a adequada
gestão dos recursos hídricos? O que foi feito e o que ainda deve ser feito?
Soluções para a tarefa
Respondido por
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Resposta:
Recursos hídricos no Brasil são mal coordenados, diz relatório da OCDE | Crise da água | G1. 'Armadilha' de abundância de água gera má gestão, segundo relatório. Diretor da ANA admite que relatório é ácido e expõe fragilidade de sistemas.
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