Português, perguntado por jupitere, 11 meses atrás

Texto 1

O texto que você vai ler é um trecho de um belíssimo livro de aventuras. Talvez você já tenha assistido ao filme. Se não, é uma boa distração para o fim de semana. E se você quiser fazer uma leitura apaixonante, está aí uma boa sugestão. Bastian Baltazar Bux era um menino solitário, órfão de mãe, incompreendido pelos professores e sempre atormentado por seus colegas. Um dia, indo para a escola, foi perseguido por um grupo deles. Refugiou-se na primeira porta que encontrou, a de uma loja de alfarrábios (livros antigos). Depois de uma longa conversa com Bastian, Karl Konrad Koreander, o velho alfarrabista — aliás, não muito simpático — foi atender ao telefone, deixando um livro antigo — A história sem fim — sobre a poltrona de couro. Aí começa a grande aventura de Bastian.

A história sem fim

As paixões humanas são misteriosas, e as das crianças não o são menos que as dos adultos. As pessoas que as experimentaram não as sabem explicar, e as que nunca as viveram não as podem compreender. Há pessoas que arriscam a vida para atingir o cume de uma montanha. Ninguém é capaz de explicar por quê, nem mesmo elas. Outras arruínam-se para conquistar o coração de uma determinada pessoa que nem quer saber delas. Outras, ainda, destroem-se a si mesmas porque não são capazes de resistir aos prazeres da mesa — ou da garrafa. Outras há que arriscam tudo o que possuem num jogo de azar, ou sacrificam tudo a uma ideia fixa que nunca se pode realizar. Algumas pensam que só podem ser felizes em outro lugar que não naquele onde estão e vagueiam pelo mundo durante toda a vida. Há ainda as que não descansam enquanto não conquistam o poder. Em suma, as paixões são tão diferentes quanto o são as pessoas.
compreender o que Bastian fez em seguida.

Olhou fixamente o título do livro e sentiu, ao mesmo tempo, arrepios de frio e uma sensação de calor. Ali estava uma coisa com a qual ele já havia sonhado muitas vezes, que tinha desejado muitas vezes desde que dele se apoderara aquela paixão secreta: uma história que nunca se acabasse! O livro dos livros!

Tinha de o conseguir a qualquer custo!

A qualquer custo? Isso era muito fácil de dizer! Mesmo que o livro custasse mais do que três marcos e cinquenta pfennings da sua mesada, que trazia no bolso e eram todo o dinheiro que possuía... aquele antipático Sr. Koreander já lhe tinha explicado com toda a clareza que não lhe venderia nenhum livro. E com certeza também não o daria de presente. Não havia esperanças...

E, no entanto, Bastian sabia que não podia ir embora sem o livro. Percebia agora que tinha entrado na loja por causa daquele livro, que o livro o tinha atraído de alguma forma misteriosa, porque queria pertencer a ele. Porque, de fato, a ele pertencera desde sempre!

Bastian escutou atentamente o murmúrio que continuava a se ouvir no gabinete.

Sem se dar conta do que fazia, escondeu o livro embaixo do casaco e apertou-o contra o corpo com ambos os braços. Sem fazer barulho, recuou até à porta da loja, olhando sempre para a outra porta, a do gabinete. Ergueu o trinco com cuidado. Não queria que os sininhos de latão fizessem barulho, por isso entreabriu a porta de vidro só o necessário para escapulir para a rua. Fechou a porta com cuidado pelo lado de fora, sem fazer barulho.

Só então começou a correr.

Os cadernos, os livros da escola e o estojo que estavam dentro da pasta saltavam e faziam barulho ao ritmo de seus passos. Começou a sentir uma pontada do lado, mas continuou a correr.

A chuva escorria-lhe pelo rosto e entrava-lhe pelo pescoço. O frio e a umidade passavam pelo casaco, mas Bastian nem o notava.

Sentia calor, e não era só de correr.

A sua consciência, que não tinha dado sinal de vida enquanto ele estava na loja, começava a despertar. Todas as justificativas que antes lhe tinham parecido tão convincentes perdiam agora o seu valor, derretiam-se agora como bonecos de neve ao sopro de um dragão que lança chamas pela boca.

Tinha roubado! Era um ladrão!

O que fizera era ainda pior do que um simples roubo. Sem dúvida aquele livro era único e insubstituível. Fora, certamente, o maior tesouro do Sr. Koreander. Roubar a um violinista o seu violino ou a um rei a sua coroa era muito pior do que assaltar um banco.

Enquanto corria, mantinha o livro bem apertado contra o corpo, por baixo do casaco. Não o queria perder, apesar do muito que lhe ia custar. Era tudo o que tinha no mundo.

Michael Ende. A história sem fim. Trad. Maria do Carmo Cary. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

Notas:​

marco: moeda alemã.

pfenning: um centavo de marco.

Escreva um pequeno resumo (no máximo duas frases):

a) do 3o segmento do texto (§ 7 ao § 10)

b) do 4o segmento do texto (§ 11 ao § 20)

Soluções para a tarefa

Respondido por leticiatinelgr
6

Resposta:

Respostas possíveis:

a) O livro do Sr. Koreander exerce um grande fascínio sobre Bastian, que, tomado por sua paixão, resolve consegui-lo a qualquer custo.

 

b) Dominado por um impulso incontrolável, Bastian escondeu o livro sob o casaco e fugiu da livraria. Só tomou clara consciência de seu gesto quando estava na rua: tornara-se um ladrão.


majumacedosilva: a) A primeira justificativa foi sua paixão pelos livros.

b) A segunda justificativa foi o título do livro, História sem fim, e o fato de que ele sonhara a vida inteira com uma história que nunca acabasse.

c) A terceira justificativa foi a certeza de que o Sr. Koreander nunca lhe venderia nem lhe emprestaria o livro

d) A quarta justificativa foi a crença de que o livro possuía algum poder e o atraíra à loja porque queria pertencer a ele.
majumacedosilva: todas as respostas
Respondido por majumacedosilva
7

Resposta:

a) A primeira justificativa foi sua paixão pelos livros.

b) A segunda justificativa foi o título do livro,  História sem fim, e o fato de que ele sonhara a vida inteira com uma história que nunca acabasse.

c) A terceira justificativa foi a certeza de que o Sr. Koreander nunca lhe venderia nem lhe emprestaria o livro

d) A quarta justificativa foi a crença de que o livro possuía algum poder e o atraíra à loja porque queria pertencer a ele.

Explicação:

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