Português, perguntado por DeJotazin, 5 meses atrás

Texto 1



Mar me quer



Segundo capítulo



Pois, lhe digo, minha Dona. É uma pena a senhora andar por aí fatigando seus olhos pelo mundo. Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga. Sabe o que faz? Estende-se aí na areia, oblonga-se deitadinha, estica a alma na diagonal. Depois, fica assim, caladita, rentinha ao chão, até sentir a terra se enamorar de si. Digo-lhe, Dona: quando ficamos calados, igual uma pedra, acabamos por escutar os sotaques da terra. A senhora num certo momento, há-de ouvir um chão marinho, faz conta é um mar sob a pele do chão. Aproveita esse embalo, Dona Luarmina. Eu tiro boas vantagens desses silêncios submarinhos. São eles que me fazem adormecer ainda hoje. Sou criança dele, do mar. [...]



[...] Sou um quem, eu? Um caçador de peixe que nem tem a quem contar suas aventuras. É verdade, Dona, não posso nem dar lustro nas minhas mentiras. Será que são mentiras? Se eu, que não testemunhei o que eu próprio relato, acabo me acreditando? O mar é que tem culpas – pois lá se esbatem os limites –, tudo ali pode ser. No mar não há palavra, nem ninguém pede contas à verdade. Como dizia o velho Celestiano: onde sempre é meio-dia, tudo é nocturno.



COUTO, Mia. Mar me quer. Lisboa: Caminho, 2000. Fragmento.



Texto 2



Mar morto



Terras do sem fim



[...] O velho Francisco conhece [...] esse mundão de estrelas que se reflete no mar. Senão, de que valeriam quarenta anos passados em cima de um saveiro1. E não é só as estrelas que ele conhece. Conhece também todas as coroas, as curvas, os canais da baía e do rio Paraguaçu, todos os portos daquelas bandas, todas as músicas que por ali são cantadas. Os moradores daquele pedaço de rio e do cais são seus amigos [...]. Ainda melhor, porém, que todas as coroas, os viajantes, os canais, ele conhece as histórias daquelas águas, [...] daqueles naufrágios e temporais. Haverá história que o velho Francisco não conheça?



Quando a noite chega, ele deixa a sua casa pequena e vem para a beira do cais. Atravessa a lama que cobre o cimento, entra pela água, e pula para a proa de um saveiro. Então pedem que ele conte histórias, conte casos. Não há quem saiba de casos como ele.



*Vocabulário:

1saveiro: é um tipo de embarcação utilizado para transporte, pesca e turismo.



AMADO, Jorge. Mar morto. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. Fragmento.



Qual é o assunto comum a esses textos?
As amizades conquistadas ao longo da vida.
As dificuldades enfrentadas pelos pescadores no mar.
As músicas que fazem parte da cultura de um povo.
O costume dos pescadores de contar histórias.
O efeito tranquilizante do mar nas pessoas.


carloseduardosavedra: e ai?
pcdarua: Alternativa "D"

Soluções para a tarefa

Respondido por Fellpizin
7

Resposta:

"O costume dos pescadores de contar histórias"

Explicação: Pois esses dois textos são aparentemente historias que estão sendo contadas, além de o fato de nenhuma das demais respostas serem plausíveis.

Respondido por yuri14rodrigues
2

O assunto comum nos textos l e ll é que os pescadores costumam contar muitas histórias e nem sempre todas elas são verdadeiras. Portanto, a alternativa C é a correta.

No texto l, o pescador fala sobre alguns elementos do mar, como os limites que nele não existem e que também pode ser misterioso, durante a noite.

Já no texto ll "Mar morto", o pescador Francisco fala de histórias que envolvem as navegações. Sobre essas histórias, não existe nenhuma que Francisco desconheça. Neste texto, o velho Francisco sabe tudo sobre o rio Paraguaçu.

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