Filosofia, perguntado por gabrielfmc8, 7 meses atrás

Teoria da reminiscência

“Sócrates – De fato, a alma que nunca viu a verdade não pode jamais assumir uma forma humana, visto que um ser humano tem que compreender o discurso em termos formais gerais procedendo à reunião de muitas percepções dos sentidos numa unidade raciocinada; isso corresponde a uma reminiscência das coisas que nossa alma outrora contemplou quando esteve viajando com o deus e, elevando sua visão acima das coisas que dizemos agora existirem, ascendeu ao ser real. E, portanto, é com justiça que somente a alma do amante da sabedoria (filósofo) tem asas, pois ele está sempre, na medida de sua capacidade, em comunhão, através da memória, com essas coisas cuja comunhão torna os deuses divinos.
Ora, um homem que utiliza corretamente tais memórias está sempre iniciado nos perfeitos mistérios e ele, exclusivamente, em realidade torna-se perfeito; entretanto, como ele se afasta dos interesses humanos e volta sua atenção para o divino, é censurado pelas pessoas ordinárias que o julgam perturbado e que ignoram que é inspirado pela divindade.
Todo meu discurso até agora foi acerca do quarto tipo de loucura, que leva a ser considerado como louco aquele que ao ver a beleza sobre a Terra, ao se lembrar da verdadeira beleza, sente que suas asas crescem e anseia por estendê-las para um voo ascendente, porém não é capaz de fazê-lo e, como uma ave, fi ta o alto e não presta atenção nas coisas abaixo. Foi mostrado por meu discurso que de todas as inspirações pela divindade essa é a melhor e a mais nobre para quem possui ou dela participa, e que aquele que é amante do belo, participando dessa loucura, é chamado de amante.
De fato, como foi dito, toda alma humana por força da natureza contemplou as coisas que são, pois, se assim não fosse, não teria adentrado essa forma de estar vivo; não é fácil, contudo, para todas as almas obter a partir de coisas terrestres uma reminiscência dessas realidades (coisas que são), quer para os que delas tiveram uma efêmera visão nessa ocasião anterior, quer para os que, após caírem na Terra, foram tão infelizes a ponto de serem desviados para a injustiça devido a más companhias e terem esquecido as visões sagradas que uma vez experimentaram.
São poucos, portanto, os que retêm uma adequada reminiscência delas; e eles são tomados de espanto e não conseguem mais ter controle sobre si mesmos ao perceberem uma semelhança daquilo que viram no alto. Não compreendem a condição em que se encontram porque sua percepção não é clara. A justiça e o autocontrole não irradiam luz através de suas imagens aqui, nem o fazem os demais objetos pelos quais tem apreço a alma. Somente uns poucos indivíduos, se aproximando das imagens através dos imprecisos órgãos dos sentidos, com dificuldade nelas entrevêem a natureza daquilo que imitam. Naquela ocasião anterior, contudo, eles viram a beleza fulgurante, quando junto aos abençoados – seguindo nós [os filósofos] no coro de Zeus, enquanto os outros naquele de algum outro deus – contemplaram a visão abençoada e espetacular e foram iniciados no que podemos acertadamente classificar como o mais abençoado dos mistérios, que foram celebrados por nós num estado de perfeição, quando éramos inexperientes nos males que nos aguardavam no porvir e nos era permitido contemplar, como iniciados, as aparições perfeitas, simples, serenas e afortunadas que vimos na luz pura, sendo nós mesmos puros e não inumados nisso que carregamos conosco agora, a que damos o nome de corpo, no qual estamos aprisionados como uma ostra em sua concha.
E basta no que respeita a uma lembrança que me levou a alongar o meu discurso envolvido pela saudade do passado. A beleza, como eu disse antes, resplandecia entre aquelas aparições, e desde eu descemos aqui vemo-la irradiando através do mais claro de nossos sentidos; de fato, a visão é o mais agudo dos sentidos corpóreos, ainda que a sabedoria não seja vista através dela, pois despertaria um amor terrível se uma imagem sua fosse transmitida por nossa visão tão claramente quanto ocorre com a beleza, o mesmo valendo para outras realidades de inspiração amorosa.”

PLATÃO. Fedro. São Paulo: Folha de São Paulo, 2011. p. 84-86. (Coleção Folha: livros que mudaram o mundo)

Inumado: sepultado; no contexto, estar preso ao corpo.


2. Selecione trechos do texto que confirmam a teoria platônica da reminiscência.


mariajosesantossousa: esse texto da preguiça
mariajosesantossousa: só de olhar

Soluções para a tarefa

Respondido por m07607315
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Resposta:

Para Platão, conhecer é conhecer as idéias; o conhecimento perfeito é aquele das essências das coisas. Numa alegoria, ele sugeriu que a alma conhece as idéias puras no "mundo das idéias", mas antes de vir ao mundo, bebe das águas do rio Lethé (que quer dizer "esquecimento") e esquece o que sabia. Assim, ele diz que na verdade aprender é relembrar aquilo que já sabíamos antes de vir ao mundo.

Explicação:

:)

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