Tapias (2013) apresenta em seu texto o "lugar" da interculturalidade, ou seja, aquele que vai além da simples constatação da diversidade cultural existente nas sociedades atuais. Neste lugar, segundo o autor, se entrecruzam os vetores das culturas que coexistem em um mesmo espaço social, sendo necessário situar-se nele para elaborar o discurso normativo de justiça, ao passo que permita a articulação da convivência baseada em valores e princípios suscetíveis de serem compartilhados por todos, não anulando as diferenças, mas com base nelas. Vamos ao desafio! Você deverá fazer uma pesquisa na base de dados de periódicos do Scielo e examinar a atual discussão entre multiculturalismo e interculturalidade, apresentando a definição e a problemática da educação multicultural, e a concepção e possibilidades da perspectiva intercultural na elaboração de um currículo. Para realizar este desafio você deverá: 1) Acessar a base de dados de artigos do Scielo no site: 2) Colocar como descritor de busca as palavras-chave: multiculturalismo, interculturalismo, educação. 3) Preencher os itens a seguir com o que se pede: Título do artigo: Revista: Nº: Volume: Data da publicação: Autor(a/es) e instituição de vinculação: Resumo do artigo: Definição e problemática da educação multicultural: Concepção e possibilidades da educação intercultural:
Soluções para a tarefa
Parte l
PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO
Título do artigo: Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação
Revista: Educação & Sociedade
Nº: 79
Volume: Ano XXIII
Data da publicação: Agosto/2002
Autor(a/es) e instituição de vinculação: Vera Maria Ferrão Candau — Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC- Rio)
Resumo do artigo: O trabalho buscou apresentar a problemática da educação multicultural, do ponto de vista conceitual e prático. Neste contexto, situa e define a perspectiva da educação intercultural. Apresenta uma visão de conjunto da linha de pesquisa que a autora vem desenvolvendo no Departamento de Educação da PUC-Rio, que tem por preocupação central analisar as relações entre cultura(s) e educação na sociedade brasileira.
Definição e problemática da educação multicultural
No que diz respeito às diferentes concepções e propostas do multiculturalismo, esta corrente de pensamento tem sido reconhecida e discutida por defensores e críticos como uma estratégia de lidar com as diferenças, seja no âmbito político-social, cultural ou educativo.
Alguns estudiosos apontam-no como uma nova forma de racismo, e outros o concebem como um princípio orientador da educação para a democracia em um mundo marcado pela globalização e pelo pluralismo cultural
Multiculturalismo conservador ou empresarial: defende o projeto de construir uma cultura comum e, em nome dele, deslegitima dialetos, saberes, línguas, crenças, valores “diferentes”, pertencentes aos grupos subordinados, considerados inferiores. Querem que todos assimilem a ordem social dominante.
Multiculturalismo humanista liberal: reveste-se frequentemente de um humanismo etnocêntrico e universalista que privilegia os referentes dos grupos dominantes.
Multiculturalismo liberal de esquerda: coloca a ênfase na diferença cultural e afirma que privilegiar a igualdade entre as raças/etnias pode abafar diferenças culturais importantes entre elas, assim como as diferenças de gênero, classe social e sexualidade.
Multiculturalismo crítico: parte da afirmação de que o multiculturalismo tem de ser contextualizado a partir de uma agenda política de transformação, sem a qual corre-se o risco de reduzir a outra forma de acomodação à ordem social vigente.
Uma outra perspectiva multiculturalista reconhece a diversidade cultural, mas hierarquiza as diferentes culturas, considerando a relação entre elas de superior a inferior. Desvaloriza determinadas culturas e suas especificidades e reduz o papel da educação a uma função de compensação cultural que termina por negar a diferença.
A educação multicultural é um movimento reformador destinado a realizar grandes mudanças no sistema educacional.
A abordagem aditiva procura penetrar o currículo formal, acrescentando determinados conteúdos em diferentes disciplinas sem afetar a sua estrutura básica. O enfoque transformador, em contraste com o aditivo, reestrutura o currículo em sua própria lógica de base, de modo a permitir que os estudantes trabalhem conceitos, temas, fatos etc., provenientes de diferentes tradições culturais e, o quarto enfoque, da ação social, estende a transformação curricular à possibilidade de desenvolver projetos e atividades que suponham envolvimento direto e compromisso com diferentes grupos culturais, favorecendo a relação teoria/prática no que diz respeito à diversidade cultural.
A concepção de cultura predominante nas propostas de educação multicultural aproxima-se de uma perspectiva estática e essencialista, vista como um conjunto mais ou menos definido de características estáveis atribuídas a diferentes grupos e às pessoas que se consideram pertencentes a eles.
Uma abordagem multicultural que, do ponto de vista cognitivo, é aditiva, incluindo-se alguns temas específicos em diversas disciplinas.
Resposta:
Título do artigo: Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação
Revista: Educação & Sociedade
Nº: 79
Volume: Ano XXIII
Data da publicação: Agosto/2002
Autor(a/es) e instituição de vinculação: Vera Maria Ferrão Candau — Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC- Rio)
Resumo do artigo: O trabalho buscou apresentar a problemática da educação multicultural, do ponto de vista conceitual e prático. Neste contexto, situa e define a perspectiva da educação intercultural. Apresenta uma visão de conjunto da linha de pesquisa que a autora vem desenvolvendo no Departamento de Educação da PUC-Rio, que tem por preocupação central analisar as relações entre cultura(s) e educação na sociedade brasileira.
Definição e problemática da educação multicultural
No que diz respeito às diferentes concepções e propostas do multiculturalismo, esta corrente de pensamento tem sido reconhecida e discutida por defensores e críticos como uma estratégia de lidar com as diferenças, seja no âmbito político-social, cultural ou educativo.
Alguns estudiosos apontam-no como uma nova forma de racismo, e outros o concebem como um princípio orientador da educação para a democracia em um mundo marcado pela globalização e pelo pluralismo cultural
Multiculturalismo conservador ou empresarial: defende o projeto de construir uma cultura comum e, em nome dele, deslegitima dialetos, saberes, línguas, crenças, valores “diferentes”, pertencentes aos grupos subordinados, considerados inferiores. Querem que todos assimilem a ordem social dominante.
Multiculturalismo humanista liberal: reveste-se frequentemente de um humanismo etnocêntrico e universalista que privilegia os referentes dos grupos dominantes.
Multiculturalismo liberal de esquerda: coloca a ênfase na diferença cultural e afirma que privilegiar a igualdade entre as raças/etnias pode abafar diferenças culturais importantes entre elas, assim como as diferenças de gênero, classe social e sexualidade.
Multiculturalismo crítico: parte da afirmação de que o multiculturalismo tem de ser contextualizado a partir de uma agenda política de transformação, sem a qual corre-se o risco de reduzir a outra forma de acomodação à ordem social vigente.
Uma outra perspectiva multiculturalista reconhece a diversidade cultural, mas hierarquiza as diferentes culturas, considerando a relação entre elas de superior a inferior. Desvaloriza determinadas culturas e suas especificidades e reduz o papel da educação a uma função de compensação cultural que termina por negar a diferença.
A educação multicultural é um movimento reformador destinado a realizar grandes mudanças no sistema educacional.
A abordagem aditiva procura penetrar o currículo formal, acrescentando determinados conteúdos em diferentes disciplinas sem afetar a sua estrutura básica. O enfoque transformador, em contraste com o aditivo, reestrutura o currículo em sua própria lógica de base, de modo a permitir que os estudantes trabalhem conceitos, temas, fatos etc., provenientes de diferentes tradições culturais e, o quarto enfoque, da ação social, estende a transformação curricular à possibilidade de desenvolver projetos e atividades que suponham envolvimento direto e compromisso com diferentes grupos culturais, favorecendo a relação teoria/prática no que diz respeito à diversidade cultural.
A concepção de cultura predominante nas propostas de educação multicultural aproxima-se de uma perspectiva estática e essencialista, vista como um conjunto mais ou menos definido de características estáveis atribuídas a diferentes grupos e às pessoas que se consideram pertencentes a eles.
Uma abordagem multicultural que, do ponto de vista cognitivo, é aditiva, incluindo-se alguns temas específicos em diversas disciplinas.
Concepção e possibilidades da educação intercultural
A abordagem da educação intercultural, que parte de um conceito dinâmico e histórico da(s) cultura(s), como processo em contínua construção, desconstrução e reconstrução, no jogo das relações sociais presentes nas sociedades. Neste sentido, a cultura não é, está sendo a cada momento. O interculturalismo, ainda pouco trabalhado pela literatura brasileira, supõe a deliberada inter-relação entre diferentes grupos culturais. Neste sentido, situa-se em confronto com todas as visões diferencialistas que favorecem processos radicais de afirmação de identidades culturais específicas. Rompe com uma visão essencialista das culturas e das identidades culturais.
É consciente dos mecanismos de poder que permeiam as relações culturais. Não desvincula as questões da diferença e da desigualdade presentes na nossa realidade e no plano internacional.
A ênfase é colocada na construção de identidades particulares, silenciadas e excluídas da sociedade. A principal preocupação é o “empoderamento” destes sujeitos sociais do ponto de vista educativo e social. Podemos considerar que estas são condições importantes para o desenvolvimento da interculturalidade. Para um relacionamento lúcido e crítico com o outro, o diferente, é importante a construção consciente da própria identidade cultural, assim como um autoconceito e uma autoestima positivos, do ponto de vista pessoal, social e cultural.
Articular o reconhecimento entre iguais e o sentido de pertença a um grupo específico com a inter-relação com os “diferentes”, reconhecendo-os como tais e desenvolvendo a capacidade de um diálogo crítico, é uma preocupação fundamental da educação intercultural. Esta perspectiva articuladora não nega os conflitos e supõe lutar contra toda forma de preconceito e discriminação, favorecendo dinâmicas sociais orientadas à afirmação de uma sociedade democrática e igualitária.
A perspectiva intercultural quer promover uma educação para o reconhecimento do “outro”, para o diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais. Uma educação para a negociação cultural. Uma educação capaz de favorecer a construção de um projeto comum, pelo qual as diferenças sejam dialeticamente integradas. A perspectiva intercultural está orientada à construção de uma sociedade democrática, plural, humana, que articule políticas de igualdade com políticas de identidade.
Explicação: