T2 - A canção do africano
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ...
"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
T3 – Adormecida
Uma noite, eu me lembro… Ela dormia
Numa rede encostada molemente…
Quase aberto o roupão… solto o cabelo
E o pé descalço no tapete rente.
‘Estava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina…
E ao longe, num pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
E o ramo ora chegava ora afastava-se…
Mas quando a via despeitada a meio,
Pra não zangá-la… sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio…
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! – tu és a flor da minha vida!…”
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos – beijá-la.
Era um quadro celeste!… A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia…
Quando ela serenava… a flor a beijava…
Quando ela ia beijar-lhe… a flor fugia…
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças…
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
ALVES, C. (1997) Espumas Flutuantes. 1971
Estudo dirigido:
1 – Leia os poemas que se encontram na página posterior e: em um texto, explique:
1.1 – O que há de comum entre os dois poemas? Como se caracteriza a escrita do poeta em
questão?
1.2 – Analise e explique alguns versos do poema, buscando explicar os seus sentidos (o que está
sendo contado ou descrito).
1.3 – O que é o Romantismo? De que maneira o autor e seus textos estão inseridos nessa escola
literária?
Soluções para a tarefa
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Resposta:
adormecida Cinderela Rapunzel bela
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