Soneto 168
O tempo acaba o ano, o mês e a hora,
A força, a arte, a manha, a fortaleza;
O tempo acaba a fama e a riqueza,
O tempo o mesmo tempo de si chora.
O tempo busca e acaba onde mora
Qualquer ingratidão, qualquer dureza;
Mas não pode acabar minha tristeza,
Enquanto não quiserdes vós, Senhora.
O tempo o claro dia torna escuro,
E o mais ledo prazer em choro triste;
O tempo, a tempestade em grã bonança.
Mas de abrandar o tempo estou seguro
O peito de diamante, onde consiste
A pena e o prazer desta esperança.
CAMÕES, Luís de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Agular, 2003, p. 545.
2 - (UFJF-MG) Explique em que consiste a “esperança” do eu-lírico, mencionada no último verso do “Soneto 168”, de Camões (texto).
Soluções para a tarefa
2 - O eu lírico mostra ser bastante angustiado sobre como o tempo acontece e como ele traz mudanças definitiva na vida das pessoas, ressaltando aí o aspecto do envelhecimento e das perdas.
Nesse sentido, a esperança vem como uma forma de renovação em que mesmo que haja todas essas perdas, a esperança vem como forma de trazer uma nova vida.
Importante notar assim que a esperança traz um viés mais positivo ao texto.
espero ter ajudado!
A “esperança” do eu-lírico, mencionada no último verso do “Soneto 168”, de Camões, consiste em ter seu amor correspondido pela pessoa amada.
Nos versos, o eu lírico acredita que, assim como o tempo altera o estado das coisas e abranda a natureza, ele (o tempo) também abrandará o coração da sua amada e ela corresponderá ao amor do eu lírico.
Há versos que demonstram a não reciprocidade do amor por parte da senhora, como "Mas não pode acabar minha tristeza, / Enquanto não quiserdes vós, Senhora."