Socialize a sua reflexão sobre o importante papel que o método cético pode exercer em nossa sociedade ?
Soluções para a tarefa
É próprio da filosofia a preocupação em criticar-se a si mesma, banindo qualquer tipo de preconceito que restrinja ou limite o seu próprio movimento de elaboração conceitual. Sendo assim, não existem propósitos ou demarcações ao filosofar que impeçam qualquer pensador de eleger os temas de sua investigação e os métodos que utilizará. Filosofar é antes de tudo, um exercício de liberdade de pensamento que não aceita ser tutelado por ideologias, religiões, projetos políticos ou crenças de qualquer espécie. Colocar tudo a prova, perguntar as razões e os motivos subjacentes às escolhas humanas para chegar às melhores razões e aos melhores motivos que permitam ampliar a liberdade de todos são algumas das características do filosofar.
Frente aos desafios contemporâneos lançados à civilização na atual etapa da globalização, que passa rapidamente por transformações profundas, novamente a filosofia está desafiada naquilo que lhe é mais fundamental: elaborar conceitos que permitam compreender criticamente o que acontece à nossa volta e no mundo todo, a fim de que nossas escolhas e ações contribuam para expandir cada vez mais as liberdades públicas e privadas ao invés de restringi-las.
Colocada desse modo, a filosofia pode ser compreendida como prática de cidadania, uma vez que pensa a realidade histórica de efetivação da liberdade, repleta de problemas éticos, estéticos, políticos, gnosiológicos, epistemológicos, em meio a tantos outros. Em sua necessidade de pôr tudo à prova, inclusive a si mesma, a filosofia questionará a linguagem, a lógica e a ciência, entre outras elaborações, construindo posições em que busca melhor compreender os fenômenos humanos e naturais. O resultado desse movimento conceitual é um novo patamar na colocação dos problemas, apontando perspectivas de como tratá-los tendo em vista expandir as liberdades.
Apresentando esta compreensão, resgataremos neste texto, inicialmente, algumas reflexões sobre as interfaces entre filosofia, democracia e cidadania, publicadas pela UNESCO e por filósofos brasileiros. Em seguida analisaremos em que sentido a elaboração de conceitos filosóficos pode ser considerada uma atividade que se realiza como exercício de cidadania, salientaremos a limitação de todo o conhecimento elaborado, que jamais corresponde totalmente à realidade, e destacaremos que a crítica à epistemologia moderna, baseada nesse pressuposto, fez emergir variações de uma certa concepção holística de conhecimento em que os signos indiciais perderam maior importância frente à presunção dos acordos comunicativos. Esclareceremos, então, que o recurso à semiótica possibilita recolocar a elaboração conceitual em novas bases permitindo a crítica filosófica consistente, embora considerando que nunca haja uma interpretação definitiva de qualquer signo. A partir daí destacamos como núcleo central na análise da conexão entre filosofia e cidadania, a investigação sobre as condições do exercício da liberdade.