Sobressalto
É noite quente, de lua clara. As crianças brincam na pequena praça, correndo para lá e para cá, brincando de pega-pega ou de esconde-esconde, enquanto os pais conversam animados. Não há o que temer, todos se conhecem. Ali, o tempo corre sem grandes sobressaltos. As portas e janelas não são trancadas, travas para quê? A vida moderna e seus estorvos são vistos de muito longe, esporadicamente. Curiosidade em vivê-la? Não. O que precisam, eles têm, quase tudo. Um ou dois mascates trazem o que não produzem. Não há o que temer.
Julião Mascate chegou logo cedo à pequena cidade, tocando a buzina para se anunciar: vinha carregado de tecidos coloridos e outras quinquilharias.
– Biiiiippppp!! Bibipiiiiiiii! – É hora, minha senhora! Venha escolher seu tecido! Julião tem de tudo: tem brincos, tem colares. Água de cheiro tem, também! Venha logo. Não demore! – Biiiipppp! Biiiipppp! – Pro patrão, tem também! Para a criançada, bolas coloridas e bonecas, lápis de cor e peteca!
Minutos depois, lá estava Julião, barraca montada na praça. Em dias de barraca na praça, que mal havia de se esquecer de alguns afazeres? As pessoas acorriam, ninguém ficava em casa. Ao entardecer, como sempre, Julião partiria.
Naquela noite, a conversa girava em torno da chegada do mascate e das compras feitas. Lindaura e Alzirinha jogavam peteca, separadas dos demais meninos e meninas.
As vendas foram fracas e, por isso, Julião resolveu ficar na cidadezinha e montar sua barraca novamente no dia seguinte.
A peteca foi arremessada com muita força. Onde foi parar? Lindaura sai à procura do brinquedo. Demora demais. Alzirinha resolveu procurar também. Atrás do coreto, tropeçou e caiu. Caiu sobre o corpo sem vida de Lindaura.
A cidadezinha, tomada de pesar, ficou muda de terror e espanto. Julião Mascate sumiu.
A maldade tomou forma e tocou a todos. Era concreta e tinha nome: Julião Mascate.
Portas e janelas se fecharam. Na praça, não se ouve mais o alarido alegre do riso das crianças, brincadeiras não há. As rodas de conversas diminuíram. Restringem-se a uns poucos homens que conversam baixo e espiam desconfiados por cima do ombro. A cada desconhecido que na cidadezinha chega, um sobressalto. O mal existe. O povo carrega a marca indelével do medo.
Questão 1 - O conto é uma narrativa curta cujo enredo compõe-se de determinados elementos que lhe conferem a devida credibilidade, fazendo com que se instaure um clima de envolvimento entre os interlocutores (autor x leitor). O texto narrativo é composto pelo enredo (o assunto do texto), o narrador, as personagens, o espaço e o tempo. Leia o conto "Sobressalto" escrito por Odenilde Nogueira Martins, depois Identifique os elementos narrativos solicitados:
a) Narrador observador ou personagem (Comprove com uma parte do conto)?
b) Citar os personagens:
c) Citar o(s) espaço(s)
d) Tempo
a) Cronológico (está relacionado a passagem das horas, dos dias, meses, anos etc.).
b) Psicológico (está relacionado às lembranças da personagem e aos sentimentos vivenciados por ele.)
c) Todas as alternativas anteriores estão corretas.
d) Todas as alternativas anteriores estão incorretas.
Soluções para a tarefa
Sobre elementos da narrativa do conto “Sobressalto”.
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a) Tipo de narrador: narrador observador.
b) Personagens: Julião Mascate, Lindaura e Alzirinha.
c) Espaço: pequena cidade e pequena praça.
d) Tempo: cronológico.
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De maneira mais aprofundada:
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a) Narrador observador ou personagem (Comprove com uma parte do conto)?
➯ Narrador observador, pois ele não participa da história, apenas conta os fatos que estão ocorrendo. Isso pode ser evidenciado em, por exemplo: “As pessoas acorriam, ninguém ficava em casa” e "O que precisam, eles têm, quase tudo".
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b) Citar os personagens:
➯ Julião Mascate, Lindaura e Alzirinha.
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c) Citar o(s) espaço(s):
➯ Uma pequena cidade longe da vida moderna e uma pequena praça dessa cidade.
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d) Tempo:
➯ Cronológico, isso pode ser evidenciado pela passagem dos dias e minutos, como: era noite, depois amanheceu e depois anoiteceu novamente, “minutos depois” e “dia seguinte”. Assim, a alternativa A é a correta.
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Por fim, destaca-se que o gênero textual narrativo conto é caracterizado por ser curto, com conflito único, poucos personagens e com frequente tensão.
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