Geografia, perguntado por igor8438, 1 ano atrás

Sobre o oriente médio: Que tipo de relação comercial o Brasil possui com o oriente médio?​

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Respondido por livinha265914
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Com o desembarque do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, o Brasil terá recebido este ano alguns dos principais atores nos conflitos no Oriente Médio, como os presidentes israelense, Shimon Peres, e palestino, Mahmoud Abbas. Jornais de Tel-Aviv a Washington, passando por Beirute e Dubai, dizem que os brasileiros começam a ganhar estatura em uma das regiões mais conflituosas do planeta. O que poucos dizem é que esta relação começou há mais de um século.

Em 1876, o imperador d. Pedro II viajou por dois anos pelo mundo e incluiu no roteiro algumas áreas árabes que integravam o Império Otomano, visitando cidades como Beirute, Sidon, Baalbeck, Tiro, Damasco, Jerusalém, Haifa e Jafa. Não era viagem oficial, como a que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizaria mais de um século depois. O monarca pretendia apenas ver como eram os lugares descritos em tantos livros lidos desde a sua infância.

Logo se intensificou o fluxo imigratório do que hoje é o Líbano e a Síria para a América. Nas décadas seguintes, os imigrantes seriam o principal elo dos brasileiros com o Oriente Médio. Os descendentes dos que deixaram os portos árabes no Mediterrâneo somam 7 milhões hoje, incluindo políticos como os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e os ex-governadores Esperidião Amin (SC), Almir Gabriel (PA) e Anthony Garotinho (RJ).

O Brasil começou a ganhar destaque no Oriente Médio em 1947. O diplomata brasileiro Oswaldo Aranha presidiu a sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas que criou o Estado de Israel e um que seria o palestino, mas não saiu do papel. Em algumas cidades israelenses, Aranha é homenageado com o nome de ruas e praças.

A partir de 1956, o Brasil teria presença física na região. Integrava as forças de paz da ONU estacionadas na fronteira entre Israel e o Egito depois da Guerra de Suez. A maior parte dos militares brasileiros ficava na Faixa de Gaza. O campo de refugiados Brasil, próximo a Rafah, é uma homenagem ao local onde os brasileiros ficavam aquartelados. Ao todo, até 1967, 4 mil soldados brasileiros passaram pelo território.

Quando eclodiu a Guerra dos Seis Dias, mais uma vez envolvendo Israel e os países árabes, 430 militares brasileiros estavam em Gaza. Todos os outros estrangeiros conseguiram sair, mas os brasileiros foram pegos na troca de tiros. Alguns deles quase foram mortos pelos israelenses, confundidos com os egípcios. Nos 11 anos em que estiveram na região, os brasileiros fizeram amizade com judeus de kibutz e também jogavam futebol com os árabes.

Quando começou a guerra, deputados brasileiros ficaram preocupados com o fechamento do Golfo de Aqaba por parte do líder egípcio Gamal Abdel Nasser e enviaram uma carta ao Conselho de Segurança da ONU pedindo o respeito ao direito internacional de navegação.

Carlos Lacerda visitou a Embaixada de Israel no Rio, onde membros da comunidade judaica faziam fila para se oferecerem como voluntários. “Nasser era o agressor. Os árabes precisam reconhecer Israel. O Brasil deveria ficar contra os ditadores do mundo árabe”, afirmou o ex-governador da Guanabara em reportagem do Estado.

Em editorial depois da guerra, o Estado expressou sua opinião na época, ao dizer que, de um lado, estava “um povo com um nível desenvolvimento econômico, técnico e moral extraordinário” e, do outro, “países árabes que vivem no obscurantismo”. “Foi uma vitória da pequena nação israelense.” O jornal defendeu a existência de um Estado palestino.

Yael Dayan, filha do ministro da Defesa de Israel na época, Moshe Dayan, visitou o Brasil pouco depois da Guerra dos Seis Dias para buscar apoio na ONU. Segundo relatos da imprensa na época, ela foi recebida por crianças pedindo autógrafos. Fora do Brasil, poucos se importavam com o que se dizia em São Paulo, Rio ou na recém construída Brasília.

Bem diferente de agora, com os jornais americanos planejando ampla cobertura para a viagem do líder iraniano ao Brasil e os israelenses dando manchetes para a visita de Peres e Abbas.

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