Sobre o filme "Apocalypto" como os Maias viviam na cidade deles?
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Resposta:
Apocalypto é um filme de 2006 (estreou no Brasil, em janeiro de 2007), foi indicado a prêmios importantes da indústria internacional cinematográfica, Globo de Ouro e Oscar; dirigido pelo ator-diretor Mel Gibson. Antes de escrever a crítica do filme, li algumas críticas de autores “não-historiadores” (algo que ainda não sou ainda) para observar o que mais incomodava ou encantava aqueles comentaristas. Dois pontos me chamaram atenção: primeiro, a violência explicita no filme; segundo, as poucas descrições da sociedade, devido à valorização da primeira afirmação (a violência). Aspectos que de alguma forma, eu, discordo.
O filme inicia com a seguinte frase: “Uma grande civilização não é conquistada de fora até que tenha destruído a si mesma por dentro” – Will Durant (historiador estadunidense, escritor da coleção A História da Civilização). Umas das explicações dadas pela historiografia sobre o desmantelamento das civilizações ameríndias estão nas rivalidades/discórdias entre eles, facilitando a dominação espanhola, no final do século XV. Alguns pensavam, ou até pensam, que estes viviam em plena igualdade (o chamado comunismo primitivo); mas, já se sabe que havia colonização, no sentido de imposição, de dominação entre os povos ameríndios. A civilização Maia, diferentemente da Confederação Asteca, não obteve uma dominação geradora de uma territorialidade como a Confederação Asteca (Confederação controlada pela Tríplice Aliança: Asteca, Texcoco e Tlacopan; estes recebem tributos de suas respectivas conquistas, mas, os Astecas se destacavam no setor militar). Podemos afirmar que havia uma cultura comum maia (com suas diferenças) a povos do que hoje são: a Guatemala, Honduras, El Salvador e o México; nunca um Império, como muitos abordam.
Retomando, são as inimizades que interessa os roteiristas do filme (Mel Gibson e Farhad Safinia), portanto, a violência iria ser abordada, o que torna o filme um thriller de ação. Boa parte do filme as personagens estão correndo ou simplesmente se deslocando, somente vinte a trinta minutos de filme, a aldeia invadida é apresentada ao telespectador. Mas neste pouco tempo, encontrei aspectos apresentados sobre a sociedade maia. Sejam os aspectos religiosos, como a importância da oralidade (através dos anciãos) como propagação e fixação da história da criação do mundo, dos animais e dos indivíduos; alguns nomes de deuses do vasto panteão maia são citados, o Poderoso Kukulkán, Ixchel, o culto ao Jaguar, etc. Enfim, a importância da religião é representada. O presságio, uma das características mais forte nestas civilizações, também é representado no filme. Os maias e os astecas valorizavam presságios e adivinhações, para eles todas essas espécies de previsão do futuro se realizam, é só em casos excepcionais tentam resistir à sorte que lhes é anunciada. No filme há dos presságios referidos, um deles é da garotinha leprosa indica que um homem (supostamente o respectivo protagonista do filme, Jaguar Paw) levaria a destruição àquele povo. Por isso ele é apocalypto, porque a revelação (ou premonição) da garotinha deixou-o destinado a levar a destruição, que no final se concretiza com a chegada dos espanhóis.
Quanto, ao aspecto social, o filme é essencialmente enfatizado na figura do homem nestas sociedades; ser corajoso, guerreiro, era características valorizadas pelos ameríndios. O filme aborda essas características através do assunto virilidade de um dos personagens; por não ter ainda filhos, o homem casado é caçoado por todos na aldeia, inclusive pela sogra. Li em algumas criticas o quanto é desconexa e contemporânea esta temática (anacrônica), exposta no filme apenas para tirar gargalhadas do expectador. Eu entendo de maneira diferente, foi uma representação com a intencionalidade de caracterizar a importância de ter filhos, de ser um guerreiro nestas sociedades. Não há um chefe específico na aldeia onde vive o protagonista, há um conjunto de homens que decidem pela aldeia, auxiliados por um concelho de anciãos. Porém, o pai do protagonista, é um dos grandes representantes, já que tem o maior número de filhos na aldeia (entre os adultos); provavelmente, somente em períodos de guerra, escolhia-se um único indivíduo para representá-los.