Saúde, perguntado por robertaduda13, 10 meses atrás

sobre cabelos brancos e com referência biográfica​

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Respondido por mariaguedes786
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Resposta:

Olá boa tarde,

Explicação:

É parte do senso comum a idéia de que a estrutura etária da população brasileira situa-nos como um 'país jovem'. Ao contrário desta suposição ingênua, contudo, a queda da mortalidade infantil e a progressiva diminuição da fecundidade em nosso meio já nos garantem uma considerável população de idosos, que, projetada para 2025, nos colocará àquela altura como o sexto país do mundo em número de idosos. Este aparente paradoxo é uma questão central do livro de Renato Veras, indicada já na escolha mesmo de seu título. Assim como com outros indicadores sócio-demográficos, pouco a pouco a estrutura etária da população brasileira aproxima-se do perfil dos países centrais (ainda que vários indicadores, como por exemplo a mortalidade infantil, continuem mostrando a gravidade da questão social do Brasil) sem que se produzam alterações correspondentes na qualidade de vida da população, colocando-nos frente aos problemas gerados por um contingente crescente de idosos sem que haja adequada provisão de fundos sociais para fazer frente às suas demandas.

Os impactos desta transição nas políticas públicas já se fazem sentir, com a virtual inviabilização da seguridade social pela situação de 'cobertor curto' criada pelo sistema de financiamento em bases correntes da previdência pública associado à iníqua distribuição de renda que se agrava cada vez mais. Não equacionamos a desnutrição e as verminoses e nos vimos frente ao crescimento das doenças cardiovasculares e das neoplasias; da mesma forma, não logramos dar conta das necessidades de crianças e adolescentes e já não temos, com os recursos ora disponíveis, como enfrentar adequadamente o desafio de uma população em processo de envelhecimento. Ainda temos tempo — não muito — para equacionar as demandas que certamente surgirão e/ou se ampliarão a partir deste novo quadro populacional.

A questão do idoso carece de visibilidade. Um dos desafios colocados para a área da saúde coletiva é precisamente a produção de conhecimento sobre as especificidades da terceira idade em nosso meio, lacuna que começa agora a ser preenchida, num movimento que tem no livro de Renato Veras um marco importante. País jovem com cabelos brancos, versão, com pequenas modificações, da tese de doutorado apresentada na Universidade de Londres, traz ao leitor interessado (ainda que não especializado) um texto claro, sem concessões à banalização, mas que não foge ao rigor esperado em uma tese acadêmica. A revisão bibliográfica abrangente e atualizada, em particular, fornece um roteiro de estudo bastante rico.

Um outro aspecto relevante é dado pela cuidadosa descrição da metodologia adotada no estudo empírico. O inquérito domiciliar aplicado em uma ampla amostra da população de idosos da cidade do Rio de Janeiro — diga-se de passagem, a maior do país —, baseado num questionário multidimensional desenvolvido para o próprio estudo (Brazil Old Age Schedule — BOAS), é um guia prático para a elaboração e execução de pesquisas com perfil semelhante, mesmo que não se atenham ao mesmo tema. A descrição minuciosa, quase obsessiva, de procedimentos de amostragem, elaboração e validação de instrumentos, análises estatísticas e mesmo o relato dos pequenos contratempos e surpresas do trabalho de campo compõem uma fonte de referência essencial para a elaboração de investigações epidemiológicas.

Como decorrência do apuro metodológico, os resultados da pesquisa fornecem um retrato importante das condições de vida da população idosa desta cidade. É óbvio que, tratando-se de um estudo transversal baseado num questionário, o nível de detalhamento é necessariamente restrito. Reconhecer este fato não representa, contudo, uma crítica ao estudo: a aparente limitação é uma contrapartida necessária para a abrangência, ao mesmo tempo que aponta a necessidade de estudos posteriores, focalizando problemas e/ou subpopulações mais restritos, para a obtenção de dados com maior profundidade. O mapeamento inicial já está feito, aguardando os próximos

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: www.ciências.fiocuz .com. b

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