Geografia, perguntado por koharuuuu, 8 meses atrás

Sobre a Guerra Fria e a "Diplomacia Lobo Guerreiro"

Os conflitos internacionais entre Estados Unidos e China tem criado desconfiança para o resto do mundo. Teme-se uma
nova Guerra Fria, ou seja, uma reprodução atualizada do combate entre duas superpotências após a segunda guerra
mundial. Explique de que forma essa disputa atual se parece com o período da Guerra Fria clássica

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Respondido por wssdino70
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Resposta:

A falta de respostas adequadas para a administração da pandemia do novo coronavírus no Brasil impõe ao país elevados números de óbitos decorrentes do surto e aponta para uma recessão econômica sem precedentes. Neste cenário, o Brasil se vê ainda diante de outro desafio: se posicionar diante da elevação das tensões diplomáticas entre China e Estados Unidos, considerando que uma resposta mal calculada neste conflito pode gerar retaliações por parte de alguma superpotência, agravando a já delicada situação econômica brasileira.

É verdade que há sinais de que o governo federal e a atual diplomacia brasileira já escolheram um lado nesta disputa. Desde a subida ao cargo de Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo adotou um alinhamento diplomático com o governo estadunidense, replicando no Brasil a estratégia norte-americana baseada no repúdio ao multilateralismo global e à ascensão da influência chinesa no globo, consolidadas no América First de Donald Trump.

São diversas as iniciativas desta replicação diplomática anti-chinesa no Brasil. Destacam-se as constantes acusações de membros do governo brasileiro à China como causadora proposital da pandemia do COVID-19[1] e manifestações favoráveis à independência de Taiwan[2] por parte de deputados próximos a Jair Bolsonaro. O Brasil ainda se mostra interessado em participar do Diálogo Quadrilátero de Segurança (QUAD), uma iniciativa composta por EUA, Índia, Japão e Austrália, reconhecida por seu caráter de contenção à influência chinesa na Ásia. Tais condutas são consoantes com os alinhamentos ideológicos de Ernesto Araújo, que em documento pessoal revelado pela Folha de São Paulo em 2018, propõe a “contestação ao eixo globalista China-Europa-esquerda americana” a partir de um “pacto com nações cristãs e nacionalistas”[3]. Este alinhamento ideológico e a adoção da retórica anti chinesa na diplomacia brasileira, agravada pela atual pandemia, oferecem ganhos duvidosos, mas perdas inquestionáveis na atual ascensão de hostilidades entre Washington e Pequim.

Muito a Perder…

Vejamos como exemplo o recente caso da Austrália, país que em 2018 exportou para a China 35,5% do valor total de sua produção, rendendo à nação australiana aproximadamente 90 bilhões de dólares, mais do que a somatória dos próximos 3 maiores parceiros comerciais do país, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Até então, a despeito da Austrália tradicionalmente seguir um caminho internacional sob os auspícios norte-americanos, integrando organizações lideradas pelos EUA afim de conter a hegemonia chinesa na Ásia, como a Aliança Cinco Olhos e o já referido QUAD, pouco se viu uma retaliação comercial chinesa tão forte quanto a implementada no último mês de maio.

As reprimendas chinesas ocorreram após Scott Morrison, primeiro ministro australiano, pedir investigações internacionais sobre o surgimento do novo coronavírus na China. A resposta de Pequim veio sob forma de sanções comerciais, suspendendo a compra de carne australiana e elevando taxas de importações de cevada australiana em 80%. O Partido Comunista Chinês advertiu a possibilidade de restringir compras de vinho e leite de Camberra, incitando ainda mais de 200.000 estudantes universitários chineses a se retirarem da Austrália e irem estudar em outro país. Tais estudantes, somados com os turistas chineses, movimentaram mais de 18 bilhões de dólares em 2019 dentro do território australiano. Este conjunto de sinais indicam que a China, de agora em diante, passará a se utilizar seu peso econômico com mais assertividade para intimidar e barganhar contra países que adotem políticas externas contrárias aos interesses chineses

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