só existe mito na antiguidade
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Resposta:
O mito é uma estrutura de consciência cheia de crenças. São narrativas simbólicas sacralizadas. É o primeiro modo de organização do pensamento humano e trata, em suma, da origem das coisas, do mundo e do próprio homem.
Neste sentido preciso, o mito, por definição, só existe na antiguidade.
O próprio nascimento da filosofia com figuras como Tales de Mileto representa uma passagem do mito à análise racional que culminaria em Sócrates, Platão e Aristóteles. Em Tales ainda há uma mistura da tradição mito-poética com a vindoura tradição racional-científica. Quando ele diz que a "água é o princípio de tudo", o que há ali é uma expressão individual, um misto de esforço racional e crença no sagrado. Esta "água" de Tales não deixa de ser um deus disfarçado, ainda que sua afirmação se baseie no puro raciocínio e haja uma recusa das explicações míticas ou alegóricas.
O papel central que o mito exercia e exerce tem a ver com o fenômeno central da vida: o desejo e a satisfação harmoniosa dela.
Sendo um esforço de elucidação do abismo de subjetividade que a nossa alma guarda em diversas formas - ressentimento e sublimidade, por exemplo - o mito não deixa de expor o movimento humano em busca de um domínio de si mesmo e do mundo.
É esta tentativa de ordenamento do mundo desde a sua origem, pela via alegórica, que permite a criação de mitologias análogas nos dias de hoje, sem o alcance palpável das mitologias grega, nórdica e egípcia, por exemplo - e sem o apelo sagrado que tais teogonias exerciam na consciência daquelas civilizações.