Português, perguntado por kftbr295, 7 meses atrás

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Respondido por vitoriasalesdaniel20
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Resposta:

Indígenas no Rio Grande do Sul, entre a esperança e a miséria

Algumas pessoas me perguntaram por que iria fotografar os indígenas no Rio Grande do Sul. Não há uma resposta. Apenas segui meu instinto de fotógrafo. Se você parar para pensar, não faz nada. Fiquei, ao todo, seis dias fotografando e percorri 1.900 quilômetros.

meu desejo era conhecer o processo que os povos tradicionais chamam de “retomada”, em que grupos indígenas se reúnem e regressam a territórios que, de acordo com eles, seriam ancestrais. Nos dias de hoje, toda terra tem dono. Por isso, as situações de conflito e segregação se tornaram inevitáveis.

Os Guarani Maya vivem na região metropolitana de Porto Alegre e próximos ao litoral. Sempre evitaram o embate com povos que os ameaçavam. Com os europeus não foi diferente. Pacíficos, passaram séculos perambulando pelas estradas e vivendo nas periferias das cidades, se esquivando dos conflitos. Hoje, tentam se organizar e retomar as terras de seus antepassados.

Indo em direção ao centro do estado, às margens da BR-290, encontrei três acampamentos Guarani. Todos em situação precária, com barracos feitos de tábuas de madeira e lona. Na altura de Arroio dos Ratos, uma cidade com cerca de 15 mil habitantes, conheci uma mulher com três crianças bem sujas; não falavam português. Um homem chamado Cristian me mostrou o riacho que corria por baixo de uma ponte em frente a onde moravam. A qualidade da água me pareceu bem duvidosa. Mas eles a usavam para uma série de coisas, inclusive pescar.

Mais para o oeste, em Cachoeira do Sul, eu encontrei apenas um senhor vivendo à beira da estrada. Todos haviam ido para a capital vender artesanato, e ele tomava conta do local. Trajava uma camisa da seleção brasileira e me mostrou, orgulhoso, uma capivara pendurada numa estaca de bambu. Ele mesmo havia caçado. A carcaça do animal estava cheia de moscas.

Ainda na movimentada rodovia federal BR-290, no trecho correspondente ao município de Caçapava do Sul, o acampamento Irapuá tinha muitas famílias; o cacique era um jovem garoto com olhar esperançoso, apesar das condições miseráveis do lugar.

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