¨Ser cobaia humana virou uma profissão¨, diz pesquisador
Em 1998, depois de um ano fazendo mestrado em Quebec, no Canadá, o uruguaio Roberto Abadie acabou sucumbindo à saudade de sua terra natal. A viagem de volta para casa, no entanto, não seria tão simples. Com o dinheiro contado, ele precisaria de um bico para conseguir comprar as passagens. Foi então que, seduzido por diversos anúncios na TV e nos jornais, que clamavam por homens saudáveis em busca de dinheiro, Abadie acabou se tornando uma cobaia humana, uma pessoa que serve de plataforma de testes para novos remédios da indústria farmacêutica.
Ele se submeteu a somente duas experiências, que lhe renderam cerca de 1.000 dólares. Mas ganhou vivência para escrever o livro The Professional Guinea Pig (sem edição em português), que acaba de ser publicado nos Estados Unidos e Inglaterra. A obra é um verdadeiro documento sobre a profissionalização do guinea pig (termo em inglês para cobaia humana - no Brasil, a prática é proibida) e como a indústria farmacêutica americana tira proveito das pessoas que se submetem aos testes. Abadie conheceu drogados e pessoas com problemas mentais, gente que, por lei, não poderia ser cobaia. Mas que é usada pelas empresas mesmo assim.
Por que você se tornou um cobaia humana?
(...) Sempre via no rádio e nos jornais anúncios que diziam coisas como “Você, jovem, sadio, não fumante e que não usa drogas ou faz uso de medicações, com tempo livre, faça parte da nossa pesquisa”. Tinha até mesmo um símbolo do dólar estampado junto.
(...) É tudo muito esquisito, na verdade. A pessoa fica em um espaço amplo, com beliches e outras 20 pessoas e recebe sanduíches e refrigerante. Mas não há um padrão. Ali, haviam desempregados, moradores de rua, artistas, estudantes, alcoólatras, drogados e pessoas com problemas mentais. Mas eu estava ali apenas pelo dinheiro.
Como funciona o pagamento de uma cobaia humana?
É um ponto crítico, na verdade. A indústria depende dos profissionais, cobaias para testar a toxicidade das drogas, porque é preciso assegurar que a substância não é nociva para seres humanos. É possível ganhar até 400 dólares por dia. Algumas pessoas dizem que é viciante ser um cobaia.
(adaptado de http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-industria-farmaceutica-tira-vantagem-de-gente-pobre-e-vulneravel-diz-pesquisador)
Usar ¨cobaias humanas¨ é um procedimento envolvido no teste de novas drogas e medicamentos. O fabricante tem que provar estatisticamente que a droga não causa danos à saúde dos pacientes. É um assunto complexo, com importante implicações éticas.
Que tipo de pesquisa pode ser identificada nessa ação dos fabricantes?
I- Esse tipo de pesquisa pode ser considerado uma pesquisa experimental ou pesquisa de laboratório.
II- É uma pesquisa qualitativa, pois busca avaliar as condições mentais e físicas dos pacientes, fazendo emergir aspectos subjetivos e atingindo motivações não explícitas, ou mesmo não conscientes, de forma espontânea.
III- Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório. Os entrevistados são estimulados a pensar e falar livremente sobre algum tema, objeto ou conceito.
IV- Trata-se de uma pesquisa de visão realista.
Assinale a alternativa correta:
Escolha uma:
a. Somente a afirmativa I está correta.
b. As afirmativas I e IV estão corretas.
c. Somente afirmativa IV está correta.
d. As afirmativas II e III estão corretas.
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Resposta A! Somente a afirmativa 1 está correta.
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