Senhora
VI
Filho de um empregado público e órfão aos dezoito anos, Seixas foi obrigado a abandonar seus estudos na Faculdade de São Paulo pela impossibilidade em que se achou sua mãe de continuar-lhe a mesada.
Já estava no terceiro ano, e se a natureza que o ornara de excelentes qualidades lhe desse alguma energia e força de vontade, conseguiria ele vencendo pequenas dificuldades, concluir o curso; tanto mais quanto um colega e amigo, o Torquato Ribeiro, lhe oferecia hospitalidade até que a viúva pudesse liquidar o espólio.
Mas Seixas era desses espíritos que preferem a trilha batida, e só impelidos por alguma forte paixão rompem com a rotina. Ora, a carta de bacharel não tinha grande sedução para sua bela inteligência mais propensa à literatura e ao jornalismo.
Cedeu pois à instância dos amigos de seu pai que obtiveram encartá-lo em uma secretaria como praticante. Assim começou ele essa vegetação social, em que tantos homens de talento consomem o melhor da existência numa tarefa inglória, ralados por contínuas decepções. Continuando a carreira de empregado público, que lhe impunha a necessidade, Seixas buscou para seu espírito superior campo mais brilhante e encontrou-o na imprensa.
[...]
Fernando quis concorrer com seu ordenado para a despesa mensal, mas tanto a mãe, como as irmãs, recusaram. Sentiam elas ao contrário não poder reservar alguma quantia para acrescentar aos mesquinhos vencimentos, que mal chegavam para o vestuário e outras despesas do rapaz.
No geral conceito, esse único filho varão devia ser o amparo da família, órfã de seu chefe natural. Não o entendiam assim aquelas três criaturas, que se desviviam pelo ente querido. Seu destino resumia-se em fazê-lo feliz; não que elas pensassem isto, e fossem capazes de o exprimir; mas faziam-no.
[...]
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: FTD, 2010. p. 46-47.
Releia o trecho:
Fernando quis concorrer com seu ordenado para a despesa mensal, mas tanto a mãe, como as irmãs, recusaram. Sentiam elas ao contrário não poder reservar alguma quantia para acrescentar aos mesquinhos vencimentos, que mal chegavam para o vestuário e outras despesas do rapaz.
Ao observar a pessoa do discurso predominante no trecho acima, podemos concluir que a função da linguagem mais relevante desse parágrafo é:
A) emotiva.
B) apelativa.
C) metalinguística.
D) referencial.
E) poética.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
A) emotiva.
Explicação:
Não há que se falar em função apelativa, pois esta refere-se ao apelo da propaganda, inexistente no texto. Também não há metalinguística, pois não há explicação da própria linguagem, como no caso de um dicionário. A função referencial, embora presente com a informação, não predomina, pois o texto "flui" de maneira "artística", um romance narrativo, sem a objetividade característica da função referencial. Por fim, a poética é muito sutil, sem utilizar, por exemplo, o formato do texto e as palavras para produzir algo inovador. Assim, a única função que mostra predominância é a emotiva.
Espero ter ajudado!
Bons estudos!
juliatorresmo:
muito obrigadaa !!
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