SELFIE E O NARCISISMO MODERNO- Diogo Didier
Na mitologia grega, Narciso, ou o autoadmirador, ficou conhecido pela sua beleza e também pela
impossibilidade de se contemplar, pois segundo o mito, isso lhe renderia vida longa. Se ele estivesse vivo hoje,
talvez o mito grego o levasse a morte instantânea. Isto porque, com a tecnologia, as pessoas buscaram outras
formas de se autoadimirarem, sobretudo com a explosão das redes sociais. A moda agora é o selfie, palavra
substantivada do Self “eu” em inglês, mais o sufixo ie, uma espécie de autorretrato feito com câmeras ou
celulares. Tal prática, porém, denota a que ponto a superficialidade humana tem chegado, com pessoas
extremamente preocupadas em sair bem na foto, enquanto outras questões humanas são esquecidas por essa
sociedade cibernética e fotoshopada.
Antes de qualquer coisa, é crucial destacar a importância da fotografia na história. Foi a partir dela que
grandes momentos da humanidade foram eternizados e até hoje podem ser cultuados por outras gerações. O
problema não reside aí, mas sim nos rumos que a fotografia vem tomando. Se antes se registrava grandes feitos,
agora os feitos são registrados no fundo do quintal, no banheiro, dentro do elevador, na escola, ou em qualquer
lugar que se considere importante. O modismo é tão grande que há até redes sociais específicas para esse tipo de
prática, onde pessoas agrupadas, alegres e sorridentes, posam para as lentes de um dado aparelho.
A priori, o primeiro ponto negativista dessa questão é a necessidade de se estar sempre bem na foto. Cabelos
posicionados no lugar certo, maquiagem e olhar #SensualSemSerVulgar, para as meninas. Entre os meninos,
ocorre a mesma coisa: a exibição dos atributos físicos em espelhos, geralmente sem camisa, em poses às vezes
discretas, mas com a intenção similar a das meninas, se autorretratar. Acontece que esses modelos vivos apenas
perpetuam a mensagem perversa das indústrias da moda e da mídia, as quais impelem a todo instante o ideal de
beleza a ser seguido e, claro, fotografado. Logo, muitas vezes induzidos por esse contexto, muitos cedem aos
encantos desse mundo, sem perceber os perigos que circundam tal problemática.
Com isso, vem a segunda questão, o público alvo. Inevitavelmente, os jovens são os mais atingidos por isso
tudo, principalmente numa era como esta da qual eles são inseridos nas redes sociais antes mesmo de virem ao
mundo. Incipiente, a juventude é o alvo e, ao mesmo tempo, o propagador dessa escravidão da moda ditada pela
indústria cultural. Então, sem terem o domínio sobre suas escolhas, adolescentes de várias idades se introduzem
na net em fotos provocantes, mostrando suas intimidades corporais para quem quiser ver, curtir e compartilhar.
O perigo disso mora na precoce iniciação da sexualidade sem a orientação devida de um adulto. Ou seja,
inconscientemente, muitos servem de modelos nessa vitrine chamada de internet, porém nem sempre os ganhos
com isso se limitam apenas a curtidas e compartilhadas. [...]
Claro que o Selfie não tem a intenção de incitar práticas promíscuas entre as pessoas. Em tese, a ideia é
moldurar momentos marcantes entre aqueles que são considerados importantes. Esse fenômeno virtual não pode
ser crucificado pela promiscuidade do nosso país, pois esta tem outras raízes. Entretanto, por traz dessa inocente
atividade há mensagens subliminares que merecem ser analisadas com cautela, sobretudo numa sociedade envolta
em cirurgias plásticas, implantes disso e daquilo, anabolizantes cada vez mais potentes e encarceradas em
academias. Ou seja, se o usuário não tiver ciência de que publicar fotos fazendo caras e bocas pode ser algo
perigoso, tanto para quem faz como para quem ver do outro lado, ele estará assumindo o risco de perpetuar uma
sexualidade doentia nesses meios virtuais. [...]
Talvez isso tudo seja apenas um fenômeno passageiro, igual a muitos outros que surgem e desaparecem nas
redes sociais. Seja como for, enquanto estiver latente, o Selfie, ou qualquer outro modismo, merece uma acurada
reflexão. Pois, nem tudo na rede social deve ser encarado como brincadeira. Há coisas que, mesmo divertidas,
escondem práticas perversas. Também não se devem criar pânicos desnecessários sobre tal fenômeno. Como dito ele não é o principal responsável pela doentia sexualidade social dos indivíduos. Ele é apenas mais um vírus
diante de tantos neste contexto. Cabe, então, a cada um fazer o uso consciente desse meio e não se entregar a
superficialidade existente nele. Há muitas coisas que devem ser fotografadas e eternizadas e, nem sempre são
belas, pois a vida só tem sentido porque suas belezas nem sempre são agradáveis aos olhos.
7. Qual é a ideia central do texto??
Soluções para a tarefa
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Alertar sobre os perigos da alto exposição em excesso, tão banalmente tratada nos dias de hoje, através das redes sócias através de uma comparação com o mito grego de Narciso.
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