Segundo o texto,qual foi a intenção do artista ao produzir essa obra? (Redenção de Cam)
Soluções para a tarefa
Resposta:
A intenção da obra é por tratar de questões raciais e populares no século XIX.
Explicação:
Raça, gênero e projeto branqueador : "a redenção de Cam", de modesto brocos.Desde seu lançamento em 1895, o quadro "A Redenção de Cam", do artista espanhol Modesto Brocos, tem provocado a crítica de arte a um debate que não necessariamente se fia à questão formal, mas antes se volta ao assunto que marcou a concepção da tela : a ideia de embranquecimento racial. A imagem é um retrato de família marcado pelas distintas gradações de cor na pele das personagens - do marrom escuro ("negro") da avó, ao "branco" do neto e de seu pai, passando pela mãe, morena, cuja tez adquire na tela um tom dourado. Em consonância, o grande interesse despertado pela pintura, que recebeu a medalha de ouro naquela Exposição Geral de Belas Artes, parece atado ao tema das uniões interraciais no Brasil e, em especial, à sua transformação em emblema dos debates sobre o futuro de um país marcado pela forte presença de uma população que não se define nem como negra, nem como branca, e pelos impasses que a chamada mestiçagem trazia para uma nação que se pretendia, no futuro, branca, num momento de auge do pensamento racialista na esfera pública. Um episódio tem sido particularmente apontado como um marco na recepção da tela, qual seja, o fato de João Batista de Lacerda, diretor do Museu Nacional, tê-la incorporado à comunicação que apresentou ao I Congresso Universal das Raças, em Londres, em 1911. O quadro tornava-se, nas mãos do cientista, uma evidência de sua tese, segundo a qual, por efeito da evolução e da entrada de imigrantes europeus, levaria três gerações ou um século para que o país se tornasse evidentemente branco. O presente artigo pretende situar a pintura no marco de uma perspectiva branca sobre populações não-brancas e também contextualizar a tela como expoente de um ponto de vista masculino - o que permite abrir espaços para refletir sobre os lugares que um olhar marcado por intersecções entre raça e gênero destina às mulheres não-brancas. É sugestivo que, em primeiro lugar, as personagens de pele mais clara sejam aquelas do sexo masculino. Em segundo lugar, que a cena guarde correlações formais com a iconografia religiosa, sobretudo a da natividade, com a mulata correspondendo à figura de Virgem Maria e o bebê, ao menino Jesus. Ao dialogar com a forma da pintura bíblica, a cena abre mão de uma perspectiva voyeurista do corpo feminino, em prol de um viés que poderia ser visto de alguma maneira como beatificante. E provoca a refletir sobre os motivos dessa decisão. Argumentamos que a escolha do artista por tal composição deixam entrever determinados critérios de aceitabilidade para as uniões interraciais - que passam por caracterizações específicas dos corpos femininos não-brancos -, sob um ponto de vista masculino. Além disso, é digna de nota a opção por evidenciar mulheres não-brancas de duas gerações, cujos filhos tiveram pais brancos e nunca uma inversão de gênero e cor. Tendo esses elementos em vista, o artigo se pergunta se nessa tela a abordagem não-voyeurista da presença feminina teria a intenção de destituir de sentido o desejo masculino do espectador e quais seriam suas motivações.