Segundo o Aurélio, o advérbio “nunca” significa “em tempo algum; jamais”. Eu acho essa palavra uma das mais fortes e perigosas da língua portuguesa. Porque ninguém pode afirmar com propriedade que nunca vai agir de uma certa forma – o futuro vive nos pregando peças. Também é cruel responder assim a alguém que possui uma certa expectativa de resposta afirmativa.
Mas eu vou me arriscar a dizer “nunca” algumas vezes neste texto. Se não posso me dirigir ao dia de amanhã, então, vou voltar ao passado.
Meus dias como crianças foram repletos de travessuras melequentas, brincadeiras na rua, aventuras no quintal da casa da minha avó, desafios à gravidade, apostas de velocidade, muitos machucados e todo o resto do pacote incluso quando o assunto é minha infância bem vivida. Relembrando agora, porém, existiram certas vivências pelas quais eu não passei.
Elas estão longe de serem positivas – mas se na época eu ganhei por não ter experimentado certas coisas, hoje eu perco em histórias divertidas para contar. Pois eu nunca, nunquinha... [...]
... quebrei o braço
Era uma alegria quando algum coleguinha quebrava o braço e aparecia exibindo aquele gesso branquinho, pronto para vários recados escritos com bic 4 cores. No fundo, eu ficava me corroendo: ora, também queria um gesso cheio de mensagens só para mim! E uma tipoia, e uma professora me paparicando. Só fui quebrar uma parte do corpo quando adulta: o dedo do pé no móvel da sala. Patético. [...]
... fiquei de recuperação
Lembro-me da sensação boa eu era receber um boletim azulzinho ano após ano e, já no final de novembro, chegar em casa para as saudosas férias de verão. O primeiro dia era delicioso, o segundo também... No terceiro, já começava a ficar chato. Principalmente porque a maioria de meus alunos acabava pegando aulas de reforço. Adorava ser aluna aplicada, mas não gostava de me sentir excluída. [...]
AGOSTINHO, Viviana. Garotas que dizem ni.8 abr.2004. (Fragmento)
a) Advérbios são definidos como palavras invariáveis. De que maneira a forma “nunquinha”, presente no texto e bastante comum na linguagem coloquial, foge essa definição?
b) Que sentido pode ser atribuído ao termo “nunquinha”, nesse contexto?
c) Ao tratar do “nunca”, a autora do texto afirma que considera essa palavra “uma das mais fortes e perigosas da língua portuguesa”. Por quê?
d) Considerando essa opinião da autora, podemos afirmar que o uso que faz do advérbio para se referir apenas a fatos passados é coerente? Explique.
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Resposta:
tambem to fznd esse teste da emiliana....só digo uma coisa, fudeu
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