Artes, perguntado por REGINATNK, 1 ano atrás

Segundo Marilena Chauí (2007) “quando o cientista escolhe uma certa definição de seu objeto, decide usar um determinado método e espera obter certos resultados, sua atividade não é neutra nem imparcial, mas feita por escolhas precisas”.1. A autora fala sobre a Neutralidade Científica. Discorra sobre o tema debatendo a ideia de que a ciência seja neutra ou imparcial.
2. Diferencie Ciência de Senso Comum.

Orientações para elaboração do texto:
- ElaboreUM TEXTO com autoria própria entre 05 e 10 linhas;
- Se utilizar citações, faça-as de acordo com as normas ABNT.


zanelapa: por favor me explique melhor

Soluções para a tarefa

Respondido por jorgelagrassi
7

Como a ciência se caracteriza pela separação e pela distinção entre o sujeito do conhecimento e o objeto; como a ciência se caracteriza por retirar dos objetos do conhecimento os elementos subjetivos; como os procedimentos científicos de observação, experimentação e interpretação procuram alcançar o objeto real ou o objeto construído como modelo aproximado do real; e, enfim, como os resultados obtidos por uma ciência não dependem da boa ou má vontade do cientista nem de suas paixões, estamos convencidos de que a ciência é neutra ou imparcial. Diz à razão o que as coisas são em si mesmas. Desinteressadamente. Essa imagem da neutralidade científica é ilusória. Quando o cientista escolhe uma certa definição de seu objeto, decide usar um determinado método e espera obter certos resultados, sua atividade não é neutra nem imparcial, mas feita por escolhas precisas. Vamos tomar três exemplos que nos ajudarão a esclarecer este ponto.

 

O senso comum é aquele conhecimento vulgar, que não possui nenhum método de estudo ou conhecimento, uma vez que ele não vem de nenhum plano prévio, apenas surge espontaneamente no cotidiano.

Uma definição pronta é a seguinte: "O conhecimento do senso comum é produzido no meio social através da vivência histórica. Caracteriza-se pela ausência de método; é um conhecimento direcionado para a prática e que adquire valor de verdade no interior do meio social em que se encontra. Está intrinsecamente ligado ao sistema de crenças do meio social e cultural do sujeito." 

Já a ciência possui um conhecimento metódico, que procura ser objetiva e não se basear no meio em que está inserida. A ciência é um saber sistemático na medida em que constitui um conjunto organizado de conhecimentos, havendo da parte dos cientistas um esforço para que as diversas teorias se articulem entre si e sejam coerentes.

Respondido por lucas872correa
1

Resposta:

O grande problema da ciência

Como a ciência se caracteriza pela separação e pela distinção entre o sujeito do

conhecimento e o objeto; como a ciência se caracteriza por retirar dos objetos do

conhecimento os elementos subjetivos; como os procedimentos científicos de observação,

experimentação e interpretação procuram alcançar o objeto real ou o objeto construído

como modelo aproximado do real; e, enfim, como os resultados obtidos por uma ciência

não dependem da boa ou má vontade do cientista nem de suas paixões, estamos

convencidos de que a ciência é neutra ou imparcial. Diz à razão o que as coisas são em si

mesmas. Desinteressadamente!

Por que Copérnico teve que esconder os resultados de suas pesquisas e Galileu foi forçado

a comparecer perante a Inquisição e negar que a Terra se movia ao redor do Sol? Se a

astronomia demonstrasse que a Terra não é o centro do Universo e que o Sol não é apenas

uma perfeição imóvel, e se a mecânica galileana demonstrasse que todos os seres estão

submetidos às mesmas leis do movimento, então as hierarquias celestes, naturais e

humanas, perderiam legitimidade e fundamento, não precisando ser respeitadas. A física

e a astronomia pré-copernicanas (elaboradas por Ptolomeu e Aristóteles) serviam –

independentemente da vontade de Ptolomeu e de Aristóteles, é verdade – a uma sociedade

e a uma concepção do poder que se viram ameaçadas por uma nova concepção científica.

Um último exemplo pode ser dado através da antropologia. Durante muito tempo, os

antropólogos afirmaram que havia duas formas de pensamento cientificamente

observáveis e com leis diferentes: o pensamento lógico-racional dos civilizados (europeus

brancos adultos) e o pensamento pré-lógico e pré-racional dos selvagens ou primitivos

(africanos, índios, tribos australianas). O primeiro era considerado superior, verdadeiro e

evoluído; o segundo, inferior, falso, supersticioso e atrasado, cabendo aos brancos

europeus “auxiliar” os selvagens “primitivos” a abandonar sua cultura e adquirir a cultura

“evoluída” dos colonizadores.

O melhor caminho para perceber a impossibilidade de uma ciência neutra é levar em

consideração o modo como a pesquisa científica se realiza em nosso tempo. Durante

séculos, os cientistas trabalharam individualmente (mesmo que possuíssem auxiliares e

discípulos) em seus pequenos laboratórios. Suas pesquisas eram custeadas ou por eles

mesmos ou por reis, nobres e burgueses ricos, que desejavam a glória de patrocinar

descobertas e as vantagens práticas que delas poderiam advir. Por sua vez, o senso comum

social olhava o cientista como inventor e gênio.

Hoje, os cientistas trabalham coletivamente, em equipes, nos grandes laboratórios. As

pesquisas são financiadas pelo Estado (nas universidades e institutos), pelas empresas

privadas (em seus laboratórios) e por ambos (nos centros de investigação do complexo

industrial-militar). São pesquisas que exigem altos investimentos econômicos e das quais

se esperam resultados que a opinião pública nem sempre conhece. Além disso, os

cientistas de uma mesma área de investigação competem por recursos, tendem a fazer

segredo de suas descobertas, pois dependem delas para conseguir fundos e vencer a

competição com outros.

Sabemos, hoje, que a maioria dos resultados científicos que usamos em nossa vida

cotidiana – máquinas, remédios, fertilizantes, produtos de limpeza e de higiene, materiais

sintéticos, computadores – tiveram como origem investigações militares e estratégicas,

competições econômicas entre grandes empresas transnacionais e competições políticas

entre grandes Estados. Muito do que usamos em nosso cotidiano provém de pesquisas

nucleares, bacteriológicas e espaciais. O senso comum social, agora, vê o cientista como

engenheiro e mago, em roupas brancas no interior de grandes laboratórios repletos de

objetos incompreensíveis, rodeado de outros cientistas, fazendo cálculos misteriosos

diante de dezenas de computadores.

Tanto na visão anterior – o cientista como inventor e gênio solitário – quanto na atual – o

cientista como membro de uma equipe de engenheiros e magos -, o senso comum vê a

ciência desligada do contexto das condições de sua realização e de suas finalidades. Eis

porque tende a acreditar na neutralidade científica, na ideia de que o único compromisso

da ciência é o conhecimento verdadeiro e desinteressado e a solução correta de nossos

problemas.

A ideologia cientificista usa essa imagem idealizada para consolidar a da neutralidade

científica, dissimulando, com isso, a origem e a finalidade da maioria das pesquisas,

destinadas a controlar a natureza e a sociedade segundo os interesses dos grupos que

controlam os financiamentos dos laboratórios.

Explicação:

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