Segundo Franz Boas, quais diferenças entre os conceitos de civilização e cultura?
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Resposta:
Por outro lado, a concepção de Cultura de Franz Boas é uma rejeição ao evolucionismo unilateral e difusionista. Em consequência, não adotava explicações de estágios ou fases culturais, assim como o conceito de raça. Procurava leis de evolução das culturas e leis de funcionamento das sociedades através do método indutivo (ver, ouvir, falar, escrever) e intensivo de campo. Priorizou o estudo da relação de parentesto.
Boas acreditava na autonomia das Culturas (relativismo cultural) e que cada cultura possui uma singularidade cultural (algo único). Segundo ele, a cultura se manifesta pelos costumes.
Entre 1883/1884, participou de uma expedição a Baffin como geógrafo. Lá realizou estudos sobre os Esquimós, onde percebeu que a organização social era determinada mais pela Cultura do que pelo meio ambiente.
Boas tomou como objeto de estudo a particularidade de cada Cultura. Apresentava-se como a contraposição ao evolucionismo do século XIX e foi o precursor da antropologia cultural norte americana. Foi também o fundador do método monográfico em antropologia.
Sobre a origem de Boas
Diego Soares da Silveira
"Boas (1858-1942) era oriundo de uma família judia alemã de espírito liberal. Sensível a questão do racismo, ele mesmo fora vítima do anti-semitismo de alguns de seus colegas de universidade. Estudou em diversas universidades da Alemanha, primeiramente cursando física, depois matemática e finalmente geografia (física e humana). Em 1883/84, ele participou de uma expedição entre os Esquimós da terra de Baffin. Ele partiu como geógrafo, com preocupações de geógrafo (estudar o efeito do meio físico sobre a sociedade esquimó) e percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo ambiente físico. Retornou à Alemanha decidido a se consagrar, a partir de então, principalmente à antropologia" (A Noção de Cultura em Ciências Sociais - Denys Cuche).
A noção de cultura em Boas
"Toda a obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a diferença fundamental entre os grupos humanos é de ordem cultural e não racial" (Ibidem).
"Ao contrário de Tylor, de quem ele havia no entanto tomado a definição de cultura, Boas tinha como objetivo o estudo 'das culturas' e não 'da Cultura'. Muito reticente em relação às grandes sínteses especulativas, em particular à teoria unilinear então dominante no campo intelectual, apresentou em uma comunicação de 1896, o que considerava os 'limites do método comparativo em antropologia'" (Ibidem). Para Boas, cada cultura forma um todo coerente e funcional: "cada cultura representava uma totalidade singular e todo seu esforço consistia em pesquisar o que fazia sua unidade. Daí sua preocupação de não somente descrever os fatos culturais, mas de compreendê-los juntando-os a um conjunto ao qual estavam ligados. Um costume particular só pode ser explicado se relacionado ao seu contexto cultural. Trata-se assim de compreender como se formou a síntese original que representa cada cultura e que faz a sua coerência. Cada cultura é dotada de um 'estilo' particular que se exprime através da língua, das crenças, dos costumes, também da arte, mas não apenas desta maneira. Este estilo, este 'espírito' próprio a cada cultura influi sobre o comportamento dos indivíduos" (Ibidem).
"Em substituição ao evolucionismo, [Boas] propôs o princípio do particularismo histórico. Como sustentava que cada cultura continha e sua própria história única, em alguns casos poderia ser reconstruída pelos antropólogos. Ele via valor intrínseco na pluralidade das práticas culturais no mundo e era profundamente cético com relação a qualquer tentativa, política ou acadêmica, de interferir nessa diversidade.
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