se eu fosse sherlock holmes
Soluções para a tarefa
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Resposta:
Os romances de Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha do
gênero das de Sherlock Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em
prestar atenção aos fatos mínimos. Destes, por uma série de raciocínios lógicos, era sempre
possível chegar até o autor do crime.
Quando acabara a leitura do último dos livros de Conan Doyle, recebi a notícia de que
meu amigo Alves Calado tinha sido nomeado delegado auxiliar. Como era fã das histórias
de detetive, fiz meu amigo prometer que, quando houvesse um crime, ele me levaria com
ele para ajudá-lo na resolução do caso.
Passei dias esperando por algum acontecimento trágico, em que pudesse revelar minha
sagacidade.
Uma noite, fui convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião familiar.
Em geral, o que ela chamava “pequenas reuniões” eram reuniões de vinte a trinta pessoas,
da melhor sociedade. Dançava-se, ouvia-se boa música e quase sempre ela exibia algum
“número” curioso: artistas de teatro ou de circo que ela contratava para se apresentar nessas
ocasiões. O melhor, porém, era talvez a palestra que então se fazia, porque era uma mulher
intelectual e só convidava gente muito inteligente para suas reuniões. Fazia questão disso.
A noite em que eu lá estive entrou bem nessa regra.
Em certo momento, quando ela estava cercada por uma boa roda, fui apresentado à
Sinhazinha Ramos. Sinhazinha era sobrinha de Madame Guimarães; casara-se pouco antes
com um médico de grande clínica. Ela vinha sozinha, pois seu novo marido sempre
trabalhava durante a noite com uma paciente. Conversamos um pouco sobre assuntos
sem muita importância, quando Madame Guimarães perguntou:
– Onde deixou sua capa?
– No meu automóvel, fiquei com preguiça de subir.
A casa era de dois andares e Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar
capas e chapéus femininos no seu quarto. Dizia ela:
– Serviço de vestiário é exclusivamente comigo. Não quero confusões.
Terminada a noite, veio uma das senhoras presentes despedir-se de Madame Guimarães.
Precisava do seu chapéu. A dona da casa que, para evitar trocas e desarrumações, era a
única a penetrar no quarto que transformara em vestiário, levantou-se e subiu para pegar o
chapéu da visita.
Não demorou muito tempo, voltou com a fisionomia transtornada:
– Roubaram-me. Roubaram meu anel de brilhantes...
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