“Sacudia o meu lencinho
para estendê-lo a secar.
Foi pelo mês de dezembro,
pelo tempo do Natal.
Tão feliz que me sentia,
vendo as nuvenzinhas no ar,
vendo o sol e vendo as flores
nos arbustos do quintal,
tendo ao longe, na varanda,
um rosto para mirar!
“Ai de mim, que suspeitaram
que lhe estaria a acenar!
Sacudia o meu lencinho
para estendê-lo a secar.
Lencinho lavado em pranto,
grosso de sonho e de sal,
de noites que não dormira,
na minha alcova a pensar,
- porque o meu amor é pobre,
de condição desigual.
“Era no mês de dezembro
pelo tempo do Natal.
Tinha o amor na minha frente,
tinha a morte por detrás:
desceu meu pai pela escada,
feriu-me com seu punhal.
Prostrou-me a seus pés, de bruços,
sem mais força para um ai!
Reclinei minha cabeça.em bacia de coral.
Não vi mais as nuvenzinhas
que Pasciam pelo ar.
Ouvi minha mãe aos gritos
e meu pai a soluçar,
entre escravos e vizinhos,
e não soube nada mais.
“Se voasse o meu lencinho,
grosso de sonho e de sal,
e pousasse na varanda,
e começasse a contar
que morri por culpa do ouro
- que era de ouro esse punhal
que me enterrou pelas costas
a dura mão de meu pai -
sabe Deus se choraria
quem o pudesse escutar,
- se voasse o meu lencinho
e se pudesse falar,
como fala o periquito
e voa o pombo torcaz...
“Reclinei minha cabeça
em bacia de coral.
Já me esqueci do meu nome,
por mais que o queira lembrar!
“Foi pelo mês de dezembro,
pelo tempo do Natal.
Tudo tão longe, tão longe,
que não se pode encontrar.
Mas eu vagueio sozinha,
pela sombra do quintal,
e penso em meu triste corpo,
que não posso levantar,
e procuro o meu lencinho,
que não sei por onde está,e relembro uma varanda
que havia neste lugar...
“Ai, minas de Vila Rica,
santa Virgem do Pilar!
Dizem que eram minas de ouro...
- para mim, de rosalgar,
para mim, donzela morta
pelo orgulho de meu pai.
(Ai, pobre mão de loucura,
que mataste por amar! )
Reparai nesta ferida
que me fez o seu punhal:
gume de ouro, punho de ouro,
ninguém o pode arrancar!
Há tanto tempo estou morta!
E continuo a penar.”
Oi Alguém pode me explicar pq o pai matou a filha?
Soluções para a tarefa
Resposta:
porque ele descobriu que ela estava apaixonada por uma pessoa de classe mais baixa, e a parte que ela disse que foi morta pelo ouro é do que o punhal era feito.
Durante a leitura do poema podemos destacar alguns trechos que respondem o motivo do assassinato da filha, como, por exemplo: "porque o meu amor é pobre, /de condição desigual", também "que morri por culpa do ouro".
A morte por causa da desigualdade
Lendo o poema podemos notar que a filha morreu porque o pai não aceitava seu amor por um homem pobre, que diferia de sua condição social, então esse pai teve a atitude drástica e covarde de assassinar a filha com um punhal de ouro. A narradora do poema é a própria filha, que se tornou uma alma penada.
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